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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Faz sentido a avaliação dos professores?

 

Imagem do Publico

 

Os sindicatos contestam a legitimidade do exame, afirmando que os professores já mostraram, anteriormente, as suas competências e conhecimentos.

Pois eu digo que a aprendizagem é um processo contínuo, não termina quando recebem o diploma, nem quando são contratados e consideram o seu emprego garantido.

E se muitos professores concordam com os exames dos alunos, para avaliar conhecimentos de um ano inteiro (ou mais), quando os mesmos já foram provando esses mesmos conhecimentos ao longo do ano, porque contestam uma prova quando os avaliados são eles? 

Têm medo? Acham que não faz sentido porque sabem tudo? Pois se pensam assim, enganam-se.

Os resultados falam por si - cerca de 1/3 dos docentes que realizaram a componente específica da prova de avaliação de conhecimentos dos professores contratados reprovaram!

Em Português (nível 2), a  percentagem de chumbos atingiu os 60,4%. A Física-Química apenas 43, de 68 testes, foram considerados válidos. 

A prova de avaliação de conhecimentos e capacidades destina-se a professores contratados, com menos de cinco anos de serviço que, sem aproveitamento, se vêem impossibilitados de dar aulas, até nova prova.

A importãncia desta prova é justificada pela necessidade de haver professores mais preparados e qualificados, tendo que haver, para isso, uma maior exigência na formação inicial dos candidatos a professores.

A prova pode até nem estar concebida da forma mais apropriada, e nesse sentido é compreensível que os professores não concordem com ela.

E pode ser, de certa forma, discriminatória, uma vez que professores com mais de 5 anos de serviço estão isentos da realização, quando deveriam estar, igualmente, abrangidos.

Mas que faz cada vez mais sentido uma avaliação dos professores, tendo em conta alguns que por aí andam nas escolas a fazer tudo menos ensinar, lá isso faz.

E mais - deveriam ser avaliados na sala de aula, em pleno exercício das suas funções, e também psicologicamente.

O ensino melhoraria, e os alunos e pais agradeceriam! 

 

 

E se não houvessem mais chumbos escolares?!

Portugal é um dos países com níveis mais elevados de reprovação escolar. Mas, será a reprovação escolar o caminho para uma melhor aprendizagem?

Quando a minha filha foi para o 4º ano, ganhou uma colega nova que, no ano anterior, tinha reprovado. Se isso fez com que essa dita colega melhorasse o seu desempenho escolar no ano seguinte? Talvez. Mas pouco. Ainda ficou mais um ano a frequentar (pela terceira vez), o quarto ano.

Não posso dizer que “desta água não beberei” (espero bem que não aconteça), porque nunca sabemos o dia de amanhã, mas o meu pensamento sempre foi o de que uma criança repetente tem obrigação de ter melhores notas e obter melhores resultados que no ano anterior, já que é a segunda vez que lhe está a ser explicada a matéria. Reprovar um ano, pode acontecer a qualquer um. Reprovar duas vezes no mesmo ano, já não é tão aceitável.

Seja como for, tendo em conta este exemplo, verificamos que as reprovações, como defende o Conselho Nacional da Educação, nem sempre promovem aprendizagem.

E nem sempre podemos imputar a culpa, exclusivamente, aos alunos. Existem vários factores de que dependem o sucesso ou o fracasso escolar. Como afirma o Dr. José Carvalho, licenciado em filosofia da educação, em todas as relações de ensino existem três elementos: aquele que ensina, aquele a quem se destina o ensino, e o que é ensinado.

Assim, não havendo evidências de melhoria na aprendizagem, mas sim vários estudos que indicam que os alunos retidos têm mais probabilidades de voltar a chumbar, e que estas reprovações podem levar ao abandono escolar, o Conselho Nacional da Educação recomenda substituir chumbos por apoios aos alunos.

Isto evitaria, por um lado, os custos elevados das reprovações e, por outro lado, a eliminação de situações de desigualdade social escolar.

Porque uma reprovação não implica só o reaprender ou consolidar os conhecimentos adquiridos no ano anterior. Implica uma mudança de turma, de professor, de colegas. Implica um estigma que lhe irá ficar, para sempre associado. Implica, de alguma forma, discriminação.

No entanto, não será a substituição das reprovações por apoios, uma forma de facilitismo? David Justino diz que não. Que a legislação já define que as repetições sejam um recurso de última instância e que a política de exigência não pode ser pretexto para reter alunos por qualquer coisa, como acontece hoje em dia em que até, a pedido dos pais, se retêm alunos no mesmo ano.

Ainda assim, será justo para todos os outros alunos que se esforçaram para ter um bom desempenho, ver que o seu esforço pouco vale? Que tanto faz ser um aluno de 5 como de 2, porque a aprovação está garantida?

Que critérios irão definir, ao certo, o que é considerado última instância? Merecerá um aluno que nada fez ao longo de um ano, ter passagem garantida? Merecerá um aluno que se esforçou mas, ainda assim, teve nota negativa a várias disciplinas, seguir em frente sujeito a apoios? E como se sentirão os alunos que trabalharam, que se esforçaram e que obtiveram excelentes resultados, com essa aparente igualdade?