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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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"Respira", na Netflix

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Há muito que aguardava a estreia desta série e, assim que ficou disponível, na passada sexta-feira, fui maratoná-la!

Com apenas 8 episódios, e um final em aberto que nos leva a ter que esperar pela próxima temporada, há quem diga que esta série é uma "filha" de Elite (ou não fosse o criador, Carlos Montero, o mesmo) e "prima" de Anatomia de Grey ou outras séries do género.

 

"Respira" aborda os desafios dos profissionais de saúde no hospital público Joaquín Sorolla, em Valência, que lutam por melhores condições de trabalho, e por um melhor e mais eficaz Sistema Nacional de Saúde, perante um cenário quase caótico, em que os profissionais fazem vários turnos seguidos, por várias horas, sem o devido descanso, e sem conseguir prestar serviço no seu melhor.

 

A falta de profissionais especialistas faz com que os internos sejam, muitas vezes, deixados sozinhos, entregues à sua sorte, sem a devida experiência ou supervisão, com consequências que podem ser catastróficas.

 

É difícil destacar o que sobressai nesta trama porque tudo mexe com o espectador.

Como, por exemplo, o dilema destes profissionais em lutar por aquilo que acreditam, e exercer o seu direito à greve, condenando pacientes à morte por falta de atendimento, ou sujeitar-se às más confições de trabalho, porque o mais importante para um médico é salvar vidas?

Será possível levar a bom porto uma greve sem serviços mínimos? Será possível antecipar, ou adiar cirurgias, por conta de uma greve, quando é a única opção? Serão, muitos daqueles doentes (e até profissionais), danos colaterais?

 

Depois, o dilema entre a defesa e protecção entre colegas de classe, ou a ética profissional.

Como os médicos se ajudam entre si, mesmo quando as suas acções são condenáveis ou como, pelo contrário, são postos em causa pelos seus parceiros.

 

E, quanto ao lado mais humano, que relação se deve criar entre médico e paciente?

Como pode um paciente confiar num médico que trai a confiança que era a base dessa relação?

Como pode um paciente acreditar num médico que o deixa sozinho? Que o abandona no momentos mais complicado e frágil da sua vida?

 

Por outro lado, temos as relações entre pais/ filhos, e a forma como agem quando estes descarrilam.

Proteger os filhos? Ou mostrar-lhes que estão errados e fazê-los assumir as responsabilidades e aceitar as consequências?

Como, algumas vezes, as crenças dos pais acabam por se virar contra aqueles que mais querem proteger.

Mais uma vez, o dilema entre ajudar, ainda que de forma errada, alguém porque, caso não o faça, esse alguém será injustiçado, ou agir de forma correcta, e deixar escapar impune um criminoso?

E quando o feitiço se vira contra o feiticeiro?

Quando se faz um falso relatório, para ajudar alguém que nos é estranho, apenas porque é algo que defendemos, e esse relatório falso coloca o próprio filho na prisão?

 

Posso dizer que há, nesta história, muitas personagens, e situações, que me irritam, mas é sinal de que a série está bem feita.

E, como não poderia deixar de ser, há também espaço para o romance.

 

A série conta com nomes bem conhecidos do público como Najwa Nimri e Manu Rios, e ainda Borja Luna, Blanca Suárez, Ana Rayo e Aitana Sánchez-Gijón, entre outros.