Por vezes, é tudo o que precisamos...
Respirar fundo
Apanhar ar fresco
Esperar algum tempo
Ser paciente
e acalmar.
Tudo passa...
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Respirar fundo
Apanhar ar fresco
Esperar algum tempo
Ser paciente
e acalmar.
Tudo passa...
Este ano estou a escrever menos.
Nem sei se se pode dizer que é falta de inspiração. Ou apenas preguiça.
Há sempre qualquer coisa sobre a qual poderia falar, ou comentar, mas...
Não tenho vontade. Porque penso que não é nada de especial e, escrever só para "picar o ponto", não quero.
Mas não é só com a escrita.
Ou uma preguiça geral.
Comecei a ler um livro há semanas, fiquei a meio. Não voltei a pegar nele. Ofereceram-me livros. Comprei outros tantos. está tudo lá parado.
Televisão pouco tenho visto e, o que vejo, não me entusiasma ao ponto de me marcar, e querer falar sobre isso.
Os dias são passados entre casa-trabalho-casa, a tentar dormir o mais que puder porque o cansaço e o sono não me largam.
O meu problema de respiração (que a médica insiste que é ansiedade) não tem fim à vista, nem tão pouco diagnóstico.
Parece-me que, antes de descobrir o que provoca essa dificuldade em respirar, me vão ser detectados outros problemas que nem sabia que tinha.
Foi o caso da endoscopia que fiz esta semana.
Fi-la, na esperança de que alguma lesão no esófago justificasse a dificuldade em respirar. Mas não.
Tenho, realmente, a zona entre o esófago e o estômago, e o próprio estômago, inflamados (colheram amostras e enviaram para análise para perceber a causa), dizem que tenho refluxo, mas não é isso que provoca o problema da respiração.
Aconselharam-me a ir a uma consulta de pneumologia.
Portanto, a saga continua, com a consulta de medicina interna recusada pelo hospital por falta de dados que a justificassem (acho que a médica fez de propósito), e eu sem saber para que lado me virar.
Até porque não posso propriamente andar a correr todas as especialidades por conta própria, para bem da minha saúde financeira.
E é isto.
Espero que, no que falta deste ano, a preguiça dê uma folga, o entusiasmo volte, e consiga compensar estes períodos de abstinência geral.
... aproveito uma aberta, e procuro um banco de jardim, onde me possa sentar, e aquecer ao sol, num dia tão frio.
Por incrível que pareça, tempo não me falta.
Pelo contrário, parece ser tempo a mais, ainda que nunca o seja.
É irónico que esteja sempre a queixar-me de que me falta tempo e, quando o tenho, não o possa aproveitar como gostaria, e só queira vê-lo passar depressa.
Por mim, passam pessoas.
Estudantes, num qualquer intervalo entre aulas, ou já com o dia terminado.
Acompanhantes que, tal como eu, tentam ocupar o tempo.
Funcionários, que aproveitam a pausa para petiscar, ou fumar um cigarrinho.
Pacientes, que vão, ou vêm, de alguma consulta.
Familiares que chegam para visitas.
Poucos se atrevem a sentar.
Afinal, os bancos estão molhados da chuva que, pouco tempo antes, tinha caído.
O vento também não convida a ficar parado muito tempo.
Mas eu, deixo-me estar.
Ali, posso respirar. Aliviar a dor de cabeça. Abstrair.
Olho para o céu.
Nuvens brancas percorrem-no, em passo apressado.
Também não querem ficar ali muito tempo.
E quem quer?
O sol vai aproveitando os seus últimos minutos de esplendor.
A caminho, vêm as nuvens negras que, depressa, o esconderão.
Tiro, para memória futura, uma fotografia daquele pedacinho de paz, no meio da incerteza que me aguarda.
Levanto-me, e dirijo-me de volta ao caos, para me proteger da chuva que não há-de tardar a cair.
E espero...
Abrigada de uma intempérie. Desabrigada de outra.
Eu, e tantas outras pessoas.
Sempre ouvi dizer.
E foi por isso que hesitei em marcar consulta com a minha médica de família.
Porque não sabia se queria mesmo encontrar alguma coisa, ou ficar sem saber e deixar andar, em total desconhecimento.
Só que a necessidade levou a melhor.
Quando aquilo que sentimos começa a afectar toda a nossa rotina, toda a forma como vivemos o dia-a-dia, e acções tão básicas e fundamentais como respirar, então só há um caminho.
A primeira vez que tive estes sintomas, foi em plena pandemia, corria o ano de 2021.
Nessa altura, queixei-me à médica mas, lá está, naquele momento tinha passado, e ela pensou que eu tivesse tido covid.
Desde então, volta e meia, os sintomas voltavam, passavam, voltavam de novo, até que ficaram de vez.
Cansaço fácil, fraqueza, dores musculares (pernas e costas), a sensação de que todo o meu sistema imunológico está enfraquecido e, sobretudo, dificuldade em respirar. Mesmo quando estou sentada, ou deitada. Sem fazer qualquer esforço.
O receio de faltar o ar enquanto durmo, e não acordar.
Dor no peito, e tosse se acelerar um pouco o passo.
Fiz exames.
Foi detectado um bloqueio incompleto no coração. A vigiar. Pode causar alguns dos sintomas.
Foi detectada anemia, por falta de ácido fólico e vitamina D3. Esta última, cuja recomendação é apanhar sol, não se pode aplicar no meu caso, porque corro o risco de voltar a ter cancro da pele. Portanto, os próximos meses serão a tomar suplementos. Esta anemia pode causar alguns dos sintomas que apresento.
Quanto às alterações da transferrina e saturação, cujos valores poderiam sugerir talassemia, algo que bate certo com alguns dos sintomas, foram desvalorizadas como sem importância.
Foi detectado um aumento da tireoide, o que pode justificar alguns dos sintomas, pelo que terei que fazer novos exames, para perceber o que é ao certo esse aumento.
Foram detectadas algumas estriações fibrótico-cicatriciais apicais e dos lobos superiores nos pulmões. A médica diz que não é nada de especial, que são resquícios, e que deve ter sido algo que já veio de nascença (confesso que achei isto estranho e estou inclinada a pedir uma segunda opinião). Porque, é certo, a internet nem sempre é confiável e leva a diagnósticos errados. Mas penso que cicatrizes nos pulmões são consequência de algo que foi ocorrendo ao longo da vida, provocado por inflamações ou condições, e não são algo a menosprezar. Para além de que justificam alguns dos sintomas.
E, sempre que pesquiso, vai dar a duas palavrinhas não muito simpáticas e assustadoras - fibrose pulmonar.
Para além do que já referi, tenho um desvio do septo nasal. Algo que sempre tive. Pode agora estar a provocar efeitos que antes não se manifestaram. Não acredito que seja disso. Mas vou fazer mais um exame.
Como calhou numa altura em que, ao que parece, apanhei uma rinite (depois de uma conjuntivite - eu bem digo que o meu sistema imunológico está nos mínimos), foi-me receitada cortisona nasal.
Esta rinite triplicou a minha dificuldade em respirar, e o cansaço, pelo esforço que tenho de fazer para ter ar.
Escusado será dizer que, nestas últimas semanas, tenho andado KO, a tentar manter-me activa, a tentar que me afecte ao mínimo, mas a fazê-lo a um ritmo a que não estou habituada.
Tudo muito mais devagar. Com muito mais calma.
Uma coisa de cada vez.
Com muitas paragens entre tarefas, enquanto caminho ou, até mesmo, enquanto como porque, como digo lá em casa "ou como, ou respiro"!
E a tentar respirar fundo a cada passo, a cada movimento, como se tivesse corrido uma maratona.
Vou, então, fazer mais uns exames.
E continuo a aguardar que me chamem para fazer uma espirometria, e avaliar a função pulmonar (tendo em conta que a médica pediu marcação sem urgência, não será tão cedo).
Tendo em conta que a médica de família está prestes a aposentar-se, pareceu-me que ela está pouco ralada porque, provavelmente, quando eu lá voltar, já não será com ela.
Até porque já não estava a aceitar marcações.
Por isso, ainda não sei quando, e a quem irei mostrar os exames e, caso seja necessário, quando e quem me irá encaminhar para alguma especialidade.
Até lá, o maior objectivo é continuar a respirar como conseguir.
É caso para dizer que já posso, literalmente, respirar de alívio!
Nunca escondi a minha aversão ao uso das máscaras, reduzindo-o ao obrigatório, e pelo menor tempo possível.
O que já era muito.
Agora, é um voltar à liberdade.
Sabe bem não ter que andar sempre a pensar se tenho máscara, porque aqui ou ali ainda é preciso.
Sabe bem entrar numa clínica, ou num hospital, e não ter que a usar.
Ontem, na incerteza, ainda a levei posta mas, assim que vi que a médica não a tinha, tirei a minha.
E soube tão bem.
Foi oficialmente decretado o fim das máscaras!