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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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A primeira reunião de pais na nova escola

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Escola nova, recepção aos novos pais.

No chamado "Jardim de Inverno", um átrio coberto, situado entre pavilhões, onde foi colocado um palco e várias cadeiras para a esperada plateia.

 

 

Esta primeira parte adivinhava-se aborrecida. E assim foi.

Pouco depois da hora marcada, a palavra foi da directora da escola que, para não se dispersar e alongar, optou por ler o seu discurso pré preparado. Os restantes colegas de palco, pouco mais fizeram que dar as boas vindas e desejar um bom ano, ficando o resto do tempo a "enfeitar".

Depois, passou a palavra ao presidente da associação de pais, que também vendeu o seu peixe.

 

 

Despachada esta primeira parte, chegou o momento de cada encarregado de educação procurar o seu pavilhão/ sala, para a reunião com o respectivo director de turma.

Este ano, calhou ser o professor de educação física. Achei graça ao senhor, pareceu-me simpático, mas pouco dado a falar para o público. Toda a informação que tinha no powerpoint foi, literalmente, lida.

Para além do anúncio da chegada de uma aluna nova, a questão das faltas, e da progressão de ano, pouco mais de relevante foi falado, para além do que já sabíamos.

 

 

Felizmente, houve dois voluntários para representar os pais, o que nos poupou à votação, até porque, naquele momento, já nem nos lembrávamos dos nomes dos pais que se apresentaram no início da reunião.

 

 

Por último e, mais uma vez, para comprovar como o mundo é pequeno, e nos cruzamos com determinadas pessoas quando menos esperaríamos, fiquei a saber que a mãe de uma das alunas, com quem a minha filha começou a falar ainda antes das aulas começarem, é a funcionária de uma loja que eu frequentei durante anos.

 

E que a mãe de um colega de turma da minha filha é alguém com quem já me cruzei várias vezes, ao longo da minha vida: no hipermercado onde faço as compras, onde a conheci quando ela lá trabalhava, no Jardim de Infância onde a minha filha andou, quando ela era lá auxiliar, no meu trabalho, enquanto cliente, várias vezes nos mesmos locais de lazer e, agora, de novo, enquanto mães de alunos da mesma turma.

E que, por acaso, foi uma das causas para os problemas que me levaram ao divórcio do meu primeiro marido!

 

 

A vida tem destas coisas. Já no ano passado, tinha calhado uma mãe que, nos meus tempos de estudante, nos fazia bullying.

O que vale é que o passado fica lá atrás, e hoje, qualquer uma destas pessoas me é indiferente.

 

A primeira reunião deste ano lectivo

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Conclusões retiradas desta primeira reunião de ano lectivo:

 

1 - A escola, para variar, está sobrelotada - temos 46 turmas de 30 alunos cada, quando a escola só está preparada para 40 turmas. Não sei se a culpa é da falta de utilização das alternativas - Colégio Miramar e Santo André, ou se o número de estudantes residentes em Mafra aumentou assim tanto.

 

2 - Em consequência desse sobrelotamento, os horários estão piores (ainda que o desta turma até seja dos piores), as horas de saída são mais tardias, e têm intervalos grandes entre disciplinas.

 

3 - Temos más instalações para as necessidades dos alunos, e as auxiliares não ajudam em nada - não existem espaços onde eles possam estar a brincar, a não ser no exterior que, nos dias de chuva não serve, e ninguém pode andar pelos corredores, o que significa que ninguém tem acesso, nos intervalos, aos cacifos nem às casas-de-banho. As auxiliares só deixam os alunos irem aos cacifos quando toca, o que pode levar os alunos a atrasos. As casas de banho disponíveis, ao pé do bar, são poucas para tantos alunos.

 

4 - Os professores pedem desculpa por mandar trabalhos de casa, porque até nem são muito apologistas dos TPC's, mas alegam que tem que ser. Há pais que se queixam da quantidade de trabalhos que os filhos levam para casa, depois de um dia preenchido de aulas, outros que acham bem que os professores mandem trabalhos, e há ainda os que aplaudem e que acham que eles têm mais que tempo para os fazer.

 

5 - A turma, ainda que diferente da dos anos anteriores, continua a ser conversadora. Os professores queixam-se que eles chegam à sala de aula agitados, e que demoram cerca de 20 minutos para que eles entrem,se sentem e se calem. E que alguns alunos gostam de opinar sobre tudo, e não têm paciência para esperar que os professores terminem de falar.

 

6 - Há a questão de agora é verão, está calor, e é complicado para os alunos estarem tantas horas naquelas salas a levar com o sol, e que depois, no inverno, para além de estarem fechados nas salas de aula são obrigados a estar fechados na escola, sem poder gastar energias, pelo que é normal que isso se reflita nas aulas, e no pouco interesse e concentração ao fim de algumas horas. 

 

7 - Alguns pais mostraram-se preocupados com a possibilidade de marcação de mais que um teste por dia, ou testes todos os dias da semana.

 

8 - Falou-se da má qualidade da comida no refeitório, que pode não ser uma questão de qualidade, mas uma questão de não estarem habituados a comida saudável, e menos condimentada, apesar de todos sabermos que comida pré-fabricada em doses industriais não é a mesma coisa que o almoço que a mãe ou a avó faz.

 

9- Gostei da directora de turma - correcta, acessível, determinada, sem manias, simpática e, muito importante, consegue fazer-se ouvir por cima das vozes dos pais!

 

 

O momento alto da reunião foi proporcionado por um pai que não se fez de rogado, e disse a todos os outros que não vale a pena estar a discutir coisas que não têm solução, que já todos conhecemos e não são novidade, e que não vale a pena estar a arranjar desculpas para os filhos, porque já todos nós fomos alunos também, e já passámos por isso, logo, só têm é que aguentar! E que têm que aprender a comportar-se, e que a educação já vem de casa. A isto se juntou o meu marido! Eu até sugeri formarem um movimento!

Isto faz-me lembrar aquelas pessoas que dizem "ah e tal, no meu tempo comíamos sopas de cavalo cansado ao pequeno-almoço, e não morremos por isso" e outras expressões do género.

Sim, eu já fui aluna, e tive que aguentar o que me estava destinado, sem reclamar. Mas não quer dizer que fosse bom. Não quer dizer que não possa mudar.

Só porque as coisas aconteceram de uma determinada forma connosco, não significa que fosse a mais correcta. E que não desejemos algo diferente e melhor para os nossos filhos. E eu, à semelhança de outros pais, queríamos melhor para eles. 

 

O momento unânime da reunião foi a da eleição do representante dos encarregados de educação: bastou o primeiro pai apresentar-se dizendo que era o presidente da associação de pais e mais um rol extenso de funções na escola, que logo todos decidiram em quem votar!

 

O momento dispensável da reunião - aquele em que os encarregados de educação do costume decidem "mandar postas de pescada" sem ninguém lhes pedir, e teimar em exibir os dotes dos seus filhos que, claro, são melhores que os dos outros.