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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"O Jardineiro", na Netflix

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"O Jardineiro" é uma série sobre um assassino.

Mas, acima de tudo, sobre uma relação tóxica entre uma mãe e um filho.

Controlo, posse, obsessão, disfarçados de amor?

 

Elmer sofreu um acidente de viação quando era criança e, desde então, como sequela do mesmo, perdeu a capacidade de sentir qualquer emoção.

Foi assim que cresceu, ao lado da mãe, apenas os dois, até à actualidade.

Elmer é jardineiro, e faz um trabalho incrível com as plantas e as flores de que cuida, para além dos viveiros que são o sustento de ambos.

E é, também, um assassino.

 

Ao longo da série, vamos percebendo o que o levou a cometer o primeiro crime, e como a mãe se aproveitou disso, em benefício próprio, transformando o filho naquilo que ele é hoje.

Um negócio paralelo, com mortes por encomenda, para fazer desaparecer os "problemas" de todo o tipo de pessoas.

Até ao dia em que tudo muda.

 

Elmer tem um tumor que, pela primeira vez, o faz sentir emoções.

E apaixona-se. Por aquela que deveria ser o seu próximo alvo.

Agora que começou a expeimentar emoções novas, e a gostar, Elmer percebe que não quer voltar ao estado, e à sua vida de antes.

China, a mãe, que não quer perder o filho, não só em termos de saúde, mas também em termos afectivos decide, então, tomar medidas drásticas para recuperar o seu menino, a sua fonte de rendimento e ambição, o Elmer que ela pode manipular.

Resta saber se Elmer vai continuar subjugado à mãe, ou se vai lutar pelo seu amor, contra tudo e contra todos.

 

Confesso que esperava um outro final.

Não, necessariamente, melhor, mas diferente.

No entanto, este é o ideal para uma eventual segunda temporada que decidam levar adiante.

 

Com apenas 6 episódios, vale a pena ver!

 

 

 

 

Adolescência

a série de que todos falam

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Acho que posso afirmar, sem andar longe da verdade, que esta é a série do momento!

Aquela de que todos falam, que todos comentam, sobre a qual todos têm algo a dizer.

E, opinião quase unânime, uma excelente série.

Que todos deveriam ver: pais, filhos, alunos, professores.

E que até chegou ao parlamento britânico, reacendendo o debate acerca da influência, nos jovens, das redes sociais.

 

Quanto a mim, digo-vos que comecei a ver a série e, a meio do segundo episódio, desisti!

Não estava a cativar nada, não me estava a passar mensagem nenhuma. Em bom português "uma grande seca". 

Qualquer coisa era bem vinda, e me distraía daquilo que estava a fazer um esforço para ver.

 

Não sei se por, no fundo, nada daquilo ser uma novidade para mim.

Oiço muitas pessoas dizerem que é um choque de realidade, um soco no estômago.

Mas, a verdade, é que vemos situações do género a toda a hora. Cada vez mais adolescentes perdidos, influenciados de forma negativa pelas redes sociais, vítimas de bullying, da crueldade dos seus pares.

E sim, como se costuma dizer, até "no melhor pano cai a nódoa".

Os pais fazem o melhor que podem (os que fazem) com aquilo que têm. Também a sua vida não lhes permite, mna maioria das vezes, um maior acompanhamento dos filhos. E, ainda que assim fosse, não podem controlá-los a todo o instante. Saber o que lhes vai na cabeça. Prever as suas acções.

Claro que, quando há cumplicidade, diálogo, compreensão, abertura e disponibilidade, tudo pode ser diferente. Mas não é uma garantia absoluta. 

E, também, nas melhores famílias, pode acontecer aquilo que nunca, ninguém, pensaria.

Por outro lado, os pais podem exercer, eles próprios, mesmo sem o saberem, uma influência negativa nos filhos. Seja pela exigência em relação a eles, e eles, pelo receio de desapontar, ou envergonhar.

Todas as fases são complicadas, e a adolescência não é excepção. Aliás, incidentes, crimes, começam a ser cada vez mais frequentes até na infância.

Portanto, como dizia, nada isto é surpresa ou novidade.

 

Mas, como sou teimosa, e porque queria ver aquela que, para mim, é uma das cenas mais bem conseguidas da série - a conversa de Jamie com a psicóloga - recomecei a ver, de onde tinha parado.

A série começa a melhorar para o final do segundo episódio, o que ajudou a terminar de vê-la (até porque são só 4 episódios).

 

E só vos digo: uma vénia para a interpretação de Owen Cooper e Erin Doherty!

Sobretudo, para Owen que, com apenas treze anos, fez um trabalho fenomenal no seu primeiro papel, na sua primeira cena gravada.

 

Quanto à história em si, Jamie é um rapaz de 13 anos acusado de assassinar uma colega de escola, esfaqueando-a até à morte.

Não percebi o porquê de todo aquele aparato policial para deter o rapaz, como se se tratasse de um bandido extremamente perigoso, de um qualquer cartel de droga, ou algo semelhante. 

Sim, é um assassino. Mas também é apenas um jovem. Que estava em casa, com a sua família. Assustado.

 

Por outro lado, é fácil perceber a "culpa" que, um acontecimento como este, gera em todos ao redor.

Nomeadamente, no Inspector Bascombe que, de repente, perante tudo o que presencia na escola, decide aproximar-se do seu enteado, tentando estar mais presente, percebê-lo melhor.

É um começo, sim. É positivo.

Mas não é isso que o vai levar, de uma hora para a outra, a tornar-se o melhor amigo, o confidente. Não é de um momento para o outro que vai conseguir perceber toda a complexidade dos jovens, dos seus problemas, das suas interações, dos seus receios, das suas dinâmicas, e do que os leva a cometerem determinados actos.

 

Posto isto, pode-se dizer que "Adolescência" é mais um alerta, mais uma chamada de atenção, mais uma oportunidade de reflectirmos sobre aquilo em que o mundo se está a transformar.

Nos jovens que estamos a criar, a educar, nesse mesmo mundo louco. Em toda a rede de suporte e apoio (ou falta dela) que os (e nos) empurra para determinados caminhos.

Mas, como digo, não é a única.

 

A culpa?

Essa pode ser de todos, em geral. E não é de ninguém, em particular.

No fundo, morre solteira.

É a dura realidade dos nossos dias, reflectida, mais uma vez, no ecrã e na ficção.

 

 

 

 

 

"La Palma", na Netflix

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Uma série de apenas 4 episódios, que aborda uma hipotética catástrofe natural, na ilha de La Palma.

Em plena época natalícia, e cheia de turistas, entre eles uma família norueguesa que tem, por hábito, ali passar a quadra todos os anos, há um perigo à espreita: um vulcão prestes a entrar em erupção, e um tsunami capaz de causar estragos inimagináveis.

 

A narrativa intercala entre o trabalho dos investigadores e o seu dever de alertar, quem de direito, para as suas descobertas e perigos que podem representar, o protocolo a adoptar pelas entidades competentes e o conflito de interesse entre trabalho e família, e os problemas normais das famílias, entre casais, irmãos, pais e filhos.

 

Por um lado, temos uma jovem investigadora que lança o alerta, e um chefe que não quer cometer o mesmo erro do passado, que quase o fez perder o trabalho, por causar o caos desnecessariamente, por uma ameaça que não se concretizou.

A questão que se coloca é: é preferível o caos, ainda que, no final, tudo corra bem, ou manter a calma e toda a população na ignorância, até ser tarde demais, e ninguém se salvar?

 

Por outro, trabalhando para uma entidade que tem conhecimento da iminente catástrofe, e sabendo que a sua família corre perigo, o que fazer?

O protocolo diz que, nestes casos, não se pode dar prioridade à família, devendo agir com total isenção de interesses.

Mas é difícil. E nem sempre possível, mesmo para as pessoas aparentemente mais frias.

 

Marie é a jovem investigadora que dá o alerta.

E, tanto para ela, como para o irmão, Erik, é ainda mais pessoal, porque são ambos sobreviventes de um anterior tsunami, que lhes levou os pais.

Por isso, embora tenham as suas desavenças, farão de tudo para não terem que reviver o passado, e salvarem-se um ao outro.

 

Quanto à família norueguesa, Jennifer e Fredrik são um casal que parece não estar nos seus melhores dias. Enquanto ela tem apostado em manter a sua saúde física e mental, Fredrik parece não seguir a mesma onda, mesmo com problemas de saúde, desleixando-se e, sem se dar conta, descurando a mulher.

Para além dos problemas conjugais, têm ainda que lidar com um filho autista, e uma filha adolescente à descoberta do amor, com todas as inseguranças inerentes à mesma, acrescidas do facto de perceber que é lésbica, e o que isso significa em termos de discriminação.

No meio da crise, das discussões, dos ciúmes, e das acusações de parte a parte, Jennifer e Fredrik percebem que tudo isso é tão insignificante, quando estão prestes a perder a vida, e a perder-se uns aos outros.

Tudo pode ser resolvido, menos a morte.

 

E o tempo está a contar.

Perante o aviso, agora do conhecimento público, e com a falta de meios para sair da ilha e procurar um refúgio seguro, tal como no Titanic, em que os salva-vidas não chegavam nem para metade dos passageiros, também aqui, nem todos terão a mesma sorte.

Haja dinheiro, e conhecimentos, mas também coração, coragem e fé.

Porque a lava está a descer a alta velocidade, e a onda gigante já vem a caminho, para arrasar com tudo.

E não só em La Palma.

 

Uma das cenas mais surpreendentes da série, é o momento em que os investigadores Haukur e Álvaro se dirigem ao topo da montanha, em pleno coração do vulcão, para ali morrer, em grande, junto àquilo que toda a vida estudaram.

Vale a pena ver!

 

 

"A Lei de Lidia Poët" - segunda temporada

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Acompanhei a primeira temporada, em 2023, na Netflix, e fiquei surpreendida por saber que ia estrear, em Outubro deste ano, a segunda temporada.

Como não poderia deixar de ser, já a devorei!

 

Nestes seis novos episódios, há um seguimento da história das personagens principais, com novos desafios, novos mistérios para resolver, e um novo triângulo amoroso na vida de Lidia Poët.

 

Tal como na primeira temporada, reitero, Lidia e Enrico, o seu irmão, são as minhas personagens favoritas.

Lidia, pelo seu papel determinante na luta pelos direitos das mulheres, pelo seu humor, pela sua faceta destemida e aventureira.

E Enrico, pelo seu enorme coração, pelo seu amor incondicional pela irmã, e pela família. Pela sua figura caricata, que nos faz torcer por ele. 

 

A temporada começa com a morte de um jornalista, amigo de Lidia e Jacopo, que deixa a ambos um bilhete, que nenhum deles consegue decifrar.

No entanto, decididos a descobrir quem o matou, e porquê, acabam por perceber que há muito mais por detrás dessa morte. Segredos que certas pessoas não querem que sejam descobertos. Quem sabe, uma conspiração, que pode colocar em risco as vidas de todos aqueles que teimarem em investigar.

 

Enquanto isso, outros crimes vão ocorrendo, com Lidia a dar uma mãozinha, e a sua sabedoria e perspicácia, ao novo procurador geral, na resolução dos casos, sendo o seu irmão o advogado de serviço dos acusados, uma vez que Lidia não o pode ser.

 

No que respeita ao amor, e depois de ter deixado partir Andrea, preferindo ficar, percebemos que o seu caso com Jacopo também não resultou. Embora pareçam não se ter esquecido um ao outro.

Mas, agora, chega Pier, para baralhar ainda mais os sentimentos de Lidia.

 

É uma série viciante, a não perder!

 

 

 

O amor é como uma série?!

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"O amor, muitas vezes, é como uma série que não renova a temporada."

 

Li esta frase, a propósito da separação da Ana Guiomar e do Diogo Valsassina, juntos há 18 anos.

E fez algum sentido.

 

Na verdade, muitas séries começam com uma temporada muito boa e, por isso, os seus autores decidem criar novas temporadas que, muitas vezes, acabam por ir perdendo a qualidade, à medida que se vão sucedendo, até que chegam ao fim, já sem a glória e o sucesso alcançado no início. 

E, ainda que as temporadas seguintes sejam tão boas como a primeira, chega-se a um ponto em que já não há mais novidades a introduzir, para cativar o público, e acabam por se tornar mais do mesmo, com os riscos a isso inerentes.

Depois, há aquelas mais longas, de uma só temporada, que cumpriu o seu propósito mas, simplesmente, não renova, porque os seus autores querem apostar em caminhos diferentes.

E há as que, logo na primeira temporada, estão condenadas ao fracasso e, como tal, sem hipótese de renovação.

 

Também as relações funcionam um pouco assim.

Quantas vezes não "renovamos" a temporada da nossa relação, na esperança de que os episódios seguintes sejam melhores, e superem os anteriores, na esperança de que o mesmo sucesso de antes continue, na esperança de que, na nova temporada, algo de diferente possa vingar?

E, quantas vezes, não pensamos que, se calhar, a relação está condenada, não importa quantas vezes renovemos as suas temporadas, e que só nos estamos a enganar?

Que, cada temporada renovada, é tempo perdido?

 

Se calhar, o que nos falta, é a ousadia de pôr fim à série. A coragem de não a renovar, de todo...