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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Quando o "eu" é anulado pelo "nós"

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Numa relação, existem sempre duas pessoas que, antes de formarem um casal, já existiam individualmente.

Cada uma com a sua personalidade, identidade, características, qualidades e defeitos, sonhos e aspirações, objectivos e metas.

A partir do momento em que nascemos, somos um "eu", que nos acompanhará por toda a vida.

Quando estamos numa relação, esse "eu" deve continuar a coexistir com o "tu" e com o "nós".

Porque "eu" sou assim, "tu" és assim, e "nós" somos a junção dos dois, o complemento um do outro, o equilíbrio entre as duas partes.

 

 

Se deixamos que o "eu" seja anulado pelo "nós", é como se deixássemos de existir enquanto pessoas individuais, e passássemos a existir unicamente enquanto casal. 

E isso não é benéfico para ninguém. Nem para a pessoa que se anula, que vive exclusivamente em função do nós, que deposita aí toda a a sua energia e pensamento, esquecendo-se de si próprio, nem para a pessoa que continua a saber separar as águas, que se começa a sentir sufocada e esgotada, por do outro lado não perceberem que para além do "nós", há um "eu" que não quer, nem deve, ser apagado.

Se quem se anula começa a exigir o mesmo do outro, quem se mantém firme percebe que a pessoa que tem ao seu lado não lhe interessa, que não tem a sua própria individualidade, que não traz nada de seu.

 

 

Ao vermos o programa "Casados à Primeira Vista", eu e o meu marido vamos discutindo as personalidades dos concorrentes, nomeadamente, do Hugo.

O meu marido "defende" o Hugo, diz que ele tem um bom coração, que está iludido, e que a Ana não está a fazer jogo limpo, daí muitas das suas acções. Ah e tal, o Hugo ficava melhor com uma pessoa como a Daniela ou a Eliana.

E eu contraponho: do Hugo, qualquer mulher quer distância. Nenhuma mulher conseguiria ter uma relação com um homem assim.

O meu marido diz que se identifica com o Hugo, e que também já foi assim.

Eu contraponho: pois eras, não a este ponto tão doentio, mas mudaste, senão já não estaríamos juntos.

 

 

É provável que o seu comportamento esteja a ser condicionado pela pressão, pelo programa, pelo facto de a Ana não querer saber dele para nada. É provável que, com uma mulher que se mostrasse mais interessada, mais aberta, mais disponível, mais carente, as coisas funcionassem, no início. Mas, chegaria o momento em que até elas quereriam o seu espaço, o seu tempo. Quereriam manter o seu "eu", e um homem assim não o permitiria porque, para estas pessoas, a partir do momento em que há uma relação, o "eu" e o "tu" têm que ser sacrificados, em prol do "nós".

E, tal como há homens assim, também há mulheres que pensam desta forma.

Quando de uma parte começa a haver exigências, cobranças, conflitos porque se anularam totalmente, e não vêem o mesmo sacrifício do outro lado, está aberto caminho para o fracasso.

A culpa? Será daquele “eu” que não se anulou, ou daquele “eu” que decidiu apagar-se?

Sacrifícios? Não, obrigada!

Li, algures, que "as relações obrigam a sacrifícios" e que "todos gostamos que alguém se sacrifique por nós, que faça coisas por nós. E se nós fizermos coisas pelo outro o sentimento deve ser recíproco, e assim se vai gostando cada vez mais, o amor vai crescendo, muito mais do que poderíamos achar possível".

 

Vivemos num mundo livre, em que cada um tem direito à sua opinião. E há que respeitar essas opiniões. Mas, por certo, quem o escreveu, não sabe o que é amar. Talvez nunca tenha experimentado esse sentimento, ou não saiba exactamente como defini-lo. E afinal, haverá uma definição concreta? Ou haverá uma infinidade de definições, que são construídas pelas várias vivências?


Seja como for, embora compreenda o sentido que, hipoteticamente, a pessoa que escreveu quis dar à expressão, não concordo com o termo utilizado.

Uma relação saudável, forte, madura e assente num amor verdadeiro, nunca é construída, nem mantida, à base de "sacrifícios". Aquilo que fazemos, fazemos pelo prazer de fazer, pelo bem estar que proporciona, tanto a nós próprios como a quem está connosco. A partir do momento em que consideramos as nossas acções e os nossos gestos, "sacrifícios", é como se estivessemos a agir por obrigação.

E, ao contrário do que acima foi dito, penso que nenhuma relação se constrói e nenhum amor cresce, pela quantidade e reciprocidade de "sacrifícios" que forem feitos por ambas as partes. 

Eu não gosto, certamente, que alguém se sacrifique por mim. Que alguém se sinta na "obrigação" de o fazer. Nem tão pouco, que o faça para que eu, em troca, me sacrifique também, e assim nos amemos cada vez mais. Não vou sentir amor por alguém que espera que eu faça algo para gostar mais de mim e, por isso, faça algo para que eu também goste mais e lhe retribua, e assim sucessivamente. Para mim, não tem lógica!


Uma relação implica entrega, responsabilidade, um trabalho conjunto para um objectivo comum, e não cada um a trabalhar para o outro. Implica um amor que, embora seja fundamental ser recíproco, nos leve a agir sem desejar sempre algo em troca. Até porque, quando realmente amamos, essa reciprocidade está presente e manifesta-se de forma natural.


A lógica do ilógico!

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Uma das inúmeras medidas do nosso governo para o próximo ano, numa aparente tentativa de minimizar a crise, que se instalou por tempo indeterminado no nosso país, foi o corte do subsídio de férias e do subsídio de natal da função pública.

E logo meia dúzia de vozes invocaram a falta de equidade que caracteriza esta medida, considerando que a função pública saía prejudicada em relação ao sector privado.

O que eu lamento é que, em todos aqueles anos em que as pessoas desejavam um cargo na função pública, porque ser claramente vantajoso, tendo em conta as regalias que tais funcionários usufruíam, nenhuma dessas vozes tenha vindo a público, invocar o mesmo princípio da equidade, para que essas regalias fossem estendidas também ao sector privado!

Mas, voltando ao corte dos subsídios, ainda que fossem aplicados a todos sem excepção, tendo em conta que é, neste momento, imprescindível fazer sacrifícios, para um futuro mais sorridente, e considerando que férias de luxo e prendas de natal não são necessidades básicas, convém não esquecer que, para muitos portugueses, não seria essa a finalidade a dar aos referidos subsídios.

Na verdade, o que tem vindo a acontecer de há uns anos para cá, é que esses subsídios são cada vez mais utilizados para “tapar buracos”, deixados ao longo do ano pelas elevadas despesas, face aos baixos ordenados – dívidas que ficaram por pagar, os livros e material escolar, prestações que ficaram em atraso, o seguro do carro e tantas outras. Ou seja, haverá muitos portugueses a ver a sua situação piorar mais, em vez de melhorar.

Outra das medidas é a meia hora diária de trabalho extra, supostamente para aumentar a produtividade. Puro engano! Ou os nossos governantes são de uma inocência rara, ou nos querem deitar areia para os olhos!

É óbvio que mais meia hora não vai aumentar coisa nenhuma – simplesmente o trabalho que seria feito em 8 horas, vai ser feito agora em 8 horas e meia. E provavelmente até poderia ser feito em menos tempo, não se desse o caso de muitos trabalhadores em vez de trabalharem, “irem trabalhando”!

Temos mais meia hora que podemos preencher com uma pausa para o café, para uma ida à casa de banho, para fumar um cigarrinho, para pôr a conversa em dia, ou simplesmente não fazer nada! Mas a culpa não é nossa, fomos obrigados a isso!

E, para finalizar, não poderia deixar de referir a questão dos feriados e das pontes. Feriados que simplesmente não fazem sentido, devem ser eliminados do calendário, ou então serem colocados nos fins-de-semana, para que as pessoas deixem de se servir deles com o objectivo de fazer pontes e gozar umas mini férias, ou um fim-de-semana prolongado.

Podem até vir a ter algum sucesso, mas também é certo que quem tiver intenção de o fazer, irá fazê-lo, independentemente de haver ou não feriado.

Se não pode ser da forma habitual, outra se utilizará com a mesma finalidade!

Agora vejam só o cúmulo da contradição: o Natal calha, este ano, a um fim-de-semana. Logo, o governo deverá estar imensamente satisfeito, porque seguindo a lógica dele, ninguém fará pontes. Ninguém utilizará o Natal como pretexto!

Ninguém a não ser o próprio governo! Que ainda está a ponderar se decretará ou não tolerância de ponto!

Diz-se que as regras são feitas para ser quebradas, e aqui essa máxima aplica-se na perfeição!

Primeiro cria-se a regra! Logo em seguida, a excepção à regra!

Portugal em Insolvência

Ando eu todos os dias a ver as notícias que por aqui andam e não pude deixar de concordar com as palavras que um administrador de insolvência de uma empresa escreveu "infelizmente, insolvente está o país..." E tal como se diz, a palavra de ordem é "corta" - corta aqui, corta ali, corta isto, corta aquilo...parece que neste regresso às aulas o material a comprar será tesouras! Não, porque para estes cortes não são necessárias!

Eu de política não percebo nada, nem tenho intenções de perceber. Também não fiz nada para escolher quem iria governar, porque na minha opinião qualquer um que vá para lá, fará sempre o mesmo. Por isso não tenho agora o direito de reclamar, mas concordo quando dizem que não precisamos de um contabilista para o nosso país, precisamos de mais do que isso.

E neste momento, parece-me estar realmente perante um contabilista, que tenta equilibrar o país pondo 90% de responsabilidade nos cortes a quem já pouco tem, e 10% de cortes no resto. Ainda ontem estava a ouvir na televisão as medidas de austeridade num qualquer país da União Europeia, no qual se aumentava o IVA para 21%, e a idade da reforma para os 65! E pensei eu cá com os meus botões, Portugal já há muito que não sabe o que isso é, Portugal já faz mais do que sacrifícios, mas para certos políticos, ainda não chega, ainda exigem mais.

Depois vem a chanceler alemã, Angela Merkel, dizer que Portugal deveria igualar o n.º de horas de trabalho, o n.º de dias de férias e a idade da reforma aos outros países da União Europeia! Concordo plenamente com ela, igualemos então isso, mas igualemos também o resto - os ordenados, as condições de vida, os acessos à saúde e todas as outras coisas para as quais ainda estamos tão atrasados.

Sinceramente, não sei o que nos reserva daqui para a frente, penso que muitos mais sacrifícios iremos fazer, muito mais dificuldades iremos passar, muitos mais cortes, muitos mais impostos e tudo o que necessário seja, para que não se tenha que ir incomodar os mais endinheirados (porque supostamente em Portugal não há ricos, embora haja quem diga que em Portugal basta terem um bocadinho mais de dinheiro para serem apelidados de ricos) que fazem falta ao nosso país. Porque se esses se sentirem incomodados, fogem, e lá se vai o investimento e o dinheiro de Portugal!

Nesses não lhes podemos tocar, nem incomodar com impostos. 

Acho piada (sem piada nenhuma), investirem na diminuição do trabalho infantil e do analfabetismo - passar a exigir como escolaridade obrigatória o 12º ano, incentivarem as famílias a porem os filhos a estudar, para um futuro melhor.
Ao mesmo tempo, encerram-se escolas, despedem-se professores, cortam as verbas e o apoio para a educação - qualquer dia, em vez de serem os pais a receber ajuda para compra de livros e material, são os pais a ajudarem as escolas a terem material e a continuarem em funcionamento!

E se sair muito caro, nem sequer pôem os filhos na escola. Paciência, antigamente também não estudavam tanto e não morreram por isso. Que lá andem os filhos daqueles que não fazem nada e têm rendimentos mínimos garantidos e ajudas e subsídios e que não pagam nada.

Em vez de se investir na saúde, encerram-se hospitais, maternidades, serviços - ficamos com o INEM e ambulâncias. Isto se não estiverem paradas por falta de combustível, à espera de verbas que nunca chegarão.

Chegámos ao ponto de os hospitais pedirem aos doentes para levarem medicamentos de casa, de pedirem a outros hospitais material que não têm!
E depois esta linda ideia das vacinas, que até podem fazer parte do plano nacional de vacinação, mas quem quiser que as pague, porque o estado não vai comparticipar tais desperdícios. Se alguém morrer, melhor, menos um para o estado se preocupar!
Quantos mais morrerem melhor, daí os cortes na saúde, na segurança social, etc, etc... Viva à falta de dinheiro, viva à falta de cuidados, viva à falta de condições, viva à falta de tudo o que o simples trabalhador não conseguirá com o quase suplicado ordenado que sabe-se lá continuará a receber ou não!

E para os que estão desempregados ou pensam vir a trabalhar, esqueçam. A palavra de ordem é reduzir pessoal, todos os dias mais e mais pessoas ficam desempregadas, mais subsídios de desemprego serão cortados, e menos oportunidades de trabalhar haverão. Por isso se não tiverem como sobreviver, morram também que não fazem cá falta!

Só não consegui perceber muito bem qual é a ideia - a intenção era promover e incentivar as pessoas a terem filhos, para aumentar a população jovem que escasseia em Portugal, e daí tem toda a lógica retirar comparticipações nos contraceptivos. Quem quiser, vá ao centro de saúde, em meia dúzia de dias esgotam e já está. Não há dinheiro para comprar, passamos ao surto de nascimentos.
Por outro lado, um aborto é 100% pago pelo estado, por isso vamos lá abortar, e resolve-se o problema.

Portanto, matamos os que já cá estão, e os que viriam a estar!

Enfim, um verdadeiro país insolvente, em que em primeiro lugar vêm os ricos, políticos e afins, e cá bem no fim da lista, já sem esperança de ver alguma luz ao fundo do túnel, os quase dez milhões de portugueses!
Assim vamos nós, por cá!