Do aumento do salário mínimo nacional
e como esse pouco muda as condições de vida dos portugueses
O Governo aprovou ontem a subida do salário mínimo nacional para 635 euros, a partir de 1 de janeiro de 2020.
A subida do salário mínimo vai abranger 720 mil trabalhadores e dará, aos mesmos, mais 31,15 euros líquidos, por mês.
Parece, apesar de pequena, uma boa conquista. Mas não o é.
Esse mesmo aumento acabará por se ver nulo, ou quase, com todos os outros aumentos, em tudo aquilo que consumimos: água, luz, gás, alimentação e por aí fora.
É certo que, a esse salário de 635 euros, ainda teremos que retirar os descontos para a segurança social mas, como depois acresce o subsídio de refeição, vamos admitir que esses mais de 700 mil trabalhadores ficarão, a partir de Janeiro de 2020, com um ordenado líquido de 700 euros.
Pergunta hoje o Sapo: Acha que conseguia viver com este valor?
Há uns anos atrás, seria um bom ordenado! Hoje em dia? Nem por isso. Ora vejamos:
Para uma pessoa só
Renda de casa - uma média de 350/400 euros, dependendo do local
Água - uma média de 25 euros
Luz - uma média de 25 euros
Gás - uma média de 25 euros
Alimentação/ casa - uma média de 200 euros
Só nestas despesas, já lá vão cerca de 625/ 675 euros. E sobra muito pouco para qualquer despesa extra em saúde, vestuário, condomínios (se for o caso), telemóvel, televisão/net, desporto e outras que possam surgir.
É possível, mas não há grande margem de manobra, ou para poupanças.
E ainda temos o transporte - a maioria das pessoas precisa de se deslocar diariamente para o trabalho, seja em transportes públicos ou em carro próprio, pelo que ainda há mais essa despesa.
E fica esgotado ou mesmo negativo o saldo.
Agora, imaginemos um casal, com filhos, a viver com 2 salários mínimos.
Provavelmente, a renda da casa será maior, tendo em conta que precisam de mais espaço - uma média de 400/ 500 euros
Água - uma média de 50 euros
Luz - uma média de 50 euros
Gás - uma média de 40 euros
Alimentação/ casa - uma média de 400 euros
Transporte - vai depender muito do local, do número de viagens, de quem precisa do mesmo e se é feito em viatura própria ou transporte público
Despesas extras e despesas escolares, para os filhos.
Continua a não sobrar muito, seja para poupar, seja para alguma eventualidade que surja.
Ou seja, não é impossível viver com este valor. Resta saber é em que condições, com direito a quê, e o que terá de abdicar para o conseguir.
E isto, só por si, já indica que deveria ser mais elevado, para que todos pudessem satisfazer as necessidades mínimas, sem andarem sempre a fazer contas à vida.
Imagem: www.dnoticias.pt