E, de repente, ficámos sem cabeleireira!
Era eu pequena, e já a minha mãe me levava àquela cabeleireira.
Depois, cresci.
A irmã da cabeleireira, também se tornou cabeleireira, e passei a ser atendida ora por uma, ora por outra. Tal como a minha mãe.
Entretanto, a irmã mais velha abriu um salão só para homens.
E passámos a ser exclusivas da mais nova.
Como estava satisfeita, foi lá que a minha filha cortou o cabelo pela primeira vez, aos 4 anos.
Passámos a ser três gerações de clientes: a minha mãe, eu, e a minha filha.
Foram anos de fidelização.
Acompanhámo-la quando se mudou para um salão, em parceria com outra colega, aqui mais no centro da vila. Acompanhámo-la quando voltou a mudar, para perto de onde estava inicialmente.
Foi a ela que recorremos, logo após o desconfinamento, e no final de 2020.
E agora, no início deste ano, assim, de repente, ficámos sem cabeleireira.
A notícia chegou através de mensagem aos clientes, no Whatsapp, a informar que ia encerrar a sua actividade em Mafra, e a agradecer a todos.
Como assim?
Então, e agora? Quem nos vai arranjar o cabelo?
Sim, pode parecer absurdo, porque o que não faltam por aqui são salões de cabeleireiro. Aqui no prédio onte trabalho há um. Na mesma travessa deste prédio, outro. E mais uns quantos espalhados pela vila.
Mas é difícil, de um momento para o outro, irmos a um salão com pessoas que não conhecemos, que não fazemos ideia como trabalham, com quem não temos "à vontade" e confiança. Que não nos conhecem, que não sabem os nossos gostos, que não fazem ideia de que cor costumo pintar o cabelo (e eu muito menos) porque era a nossa cabeleireira que tinha isso tudo anotado na nossa ficha.
Agora?
Agora, resta-nos desejar-lhe toda a sorte na nova etapa da sua vida, aceitar a mudança, e decidir onde iremos da próxima vez.