Filtrar a informação
Longe vão os tempos em que podia conversar normalmente com o meu pai, sem preocupações.
No entanto, a cada dia que passa, dou por mim a "filtrar" cada vez mais a informação que lhe podemos transmitir, para não o preocupar.
Não sei se por conta dos seus problemas de saúde, solidão ou idade, houve várias noites em que, simplesmente, o sono não vinha, e ele não dormia.
Depois, melhorou.
Recomeçou a dormir.
Mas...
Bastou saber que tinha que fazer uma ecografia, e que a médica depois ia lá a casa ver, para perder umas noites de sono.
Fez o exame. Voltou a dormir.
Obviamente, não lhe falei nunca da minha situação e, só após a cirurgia, lhe disse que tinha ido tirar uns sinais. Coisa simples.
No outro dia, falei-lhe da entrevista de emprego da minha filha.
Não dormiu nessa noite.
Apareceu-me em casa às 7h da manhã, porque queria acompanhá-la, para ela não ir sozinha, para sítios que não conhecia.
Agora que a neta está a trabalhar, está todo contente.
Mas, por conta dos horários que ela tem, anda num desassossego.
Portanto, não é que lhe queiramos esconder as coisas, mas temos que medir bem o que lhe dizemos, para evitar preocupá-lo, e mantê-lo minimamente tranquilo.