Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Músicas que nos tocam: Christmas Lights, dos Coldplay

 

A primeira vez que ouvi esta música estava eu a sair do trabalho, e era a que tocava no momento na rua.

Não a conhecia.

Mas mexeu comigo.

Quando dei por mim, estava com lágrimas nos olhos.

 

Talvez o momento não tenha sido o melhor: tinha acabado de saber que o pai de um amigo do meu marido tinha falecido.

E isso fez-me solidarizar-me com ele, porque acabámos por passar por situações semelhantes e, inevitavelmente, as lágrimas eram por ele, que tinha acabado de perder o pai, e por mim, que perdi a minha mãe.

 

No entanto, hoje voltei a ouvi-la.

E voltou a tocar-me.

Definitivamente, é uma música que me comove.

 

Que me transmite nostalgia, saudade, desilusão mas, ao mesmo tempo, esperança.

Que me deixa triste mas, ao mesmo tempo, me faz sorrir.

É difícil de explicar.

 

Mas não o são todas as músicas que nos atingem o coração?! 

E Portugal está na final da Eurovisão!

280482342_10158580665017057_3036791648891561729_n.

 

Decorreu ontem, em Turim, a primeira semifinal do Festival Eurovisão da Canção, e eu estava a torcer pelo apuramento da Maro, e da sua canção "saudade, saudade", para a final do próximo sábado.

Pelo caminho, aproveitei para conhecer as restantes canções.

 

Não achei grande piada às músicas da Albânia e Letónia.

A terceira, da Lituânia, fez-me lembrar um pouco a canção da Bélgica, do ano passado.

 

A da Suíça não era uma das minhas favoritas, mas calculei que passasse.

Eslovénia nem pensar. Música fraquinha.

Seguiu-se a Ucrânia, com uma música ao estilo do ano passado. Gostei.

A Bulgária foi para esquecer. Um rock sem graça.

 

Chegámos aos Países Baixos.

E, às tantas, estávamos (eu e a minha filha) a cantar o "ooooooo...", "ahhhhhh...". Fica no ouvido. Mais uma que acreditava que passaria.

A Moldávia tem vindo a habituar-nos a músicas divertidas, por isso, esta foi mais uma. Não achei nada de especial, mas apostei no seu apuramento.

 

A partir daqui, para mim as canções começaram a melhorar, com Portugal, Croácia, Dinamarca e Áustria entre as minhas favoritas.

A representante da Dinamarca fez-me lembrar, no início da actuação, a Adele.

 

Não dava nada pela música da Islância.

A da Grécia, melhorou.

E o que me fartei de rir com os lobos e as bananas da Noruega, e a sua coreografia! Era uma candidata a passar, embora só mesmo pela diversão.

 

Finalmente, e fechando com chave de ouro, aquela que, para mim, nesta semifinal, foi a minha preferida: a Arménia!

 

 

 

279527194_10159980392528007_8689681154189763802_n.

Portanto, assim em jeito de juri, tinha escolhido para passar:

Portugal, Croácia, Dinamarca, Áustria e Arménia, como minhas preferidas

Suíça, Ucrânia, Países Baixos, Moldávia e Grécia, como escolhas possíveis

Acertei nas 5 últimas, mas só 2 das minhas favoritas passaram, onde se inclui a Maro.

 

E, assim, Portugal está na final da Eurovisão!

Agora é torcer para que sábado fique numa boa posição.

 

 

Imagens: RTP - Festival da Canção

Uma semana sem ti...

Diário de Desabafos: Saudade

 

Prólogo do livro "Memórias de uma eterna guerreira"

 

"Partiste...

Partiste sem despedida. Sem pré-aviso. Quando o nosso coração estava a começar a encher-se de uma pequena esperança.

Conhecendo-te, atrever-me-ia a dizer que levaste a tua ideia avante, ou não fosses tu conhecida pela teimosia.

Deixa lá!

Dizem que sou tão teimosa como tu, por isso, já se sabe o que podem esperar daqui também.

Mas, como dizia, tanto afirmaste que não querias ir para um hospital, e tanto resististe à ideia de um possível internamento que, quando não foi mais possível, e não houve mais hipótese de escolha, de escapar a essa realidade, encontraste forma de fintar o destino.

Trocaste-lhe as voltas. Não querias ficar no hospital. E partiste. Concretizando o teu último desejo.

Ou então, não. 

Se calhar, não tiveste mesmo livre-arbítrio, e foi ela que te veio buscar. 

A temida e desconhecida morte. 

Aquela que coloca um ponto final à vida terrena, e que não sabemos se terá uma continuação, ou uma outra forma, noutro qualquer plano do universo.

Talvez para que não sofresses mais. E para que não sofrêssemos também, ao ver-te sofrer. 

Embora o nosso sofrimento fosse o menor dos males, comparado com o que estavas a passar. Sofríamos porque nos víamos impotentes. Porque queríamos ver-te bem, e não sabíamos como. Porque queríamos respeitar a tua vontade, ainda que ela nos tirasse um pouco de ti, a cada dia.

Imagino que, para uma pessoa que toda a sua vida assumiu as rédeas e o comando, seria muito difícil estar, agora, tão dependente, tão limitada.

Que, para uma pessoa que sempre se habituou a cuidar dos outros, fosse complicado ver-se agora a ser cuidada, por conta de uma doença que estávamos longe de imaginar que terias.

Atrevo-me a dizer que, se não sabias com certeza, pelo menos sentias que a morte estava próxima. Tu bem dizias que não te estavas a entregar, mas que, um dia, ela viria.

Só não sabíamos que viria tão depressa.

Nem mesmo quando o médico nos disse, a ti e a mim que, se não fosses internada, "estava para breve". Afinal, o que é o breve? 

Para ti, foi mesmo muito breve. Apenas uns dias, que nos pareceram meses, e, ao mesmo tempo, escassos segundos que nos escaparam por entre os dedos, sem nos dar hipótese para mais nada.

Dizem que partiste tranquila. Tomara que sim. Que, pelo menos, nesse último suspiro, não tenhas sofrido.

E que, no meio de todos os pensamentos que te habitaram nesses instantes, tenhamos estado contigo, já que não nos deixaram estar fisicamente, na despedida, que não sabíamos que ia acontecer.

Sim, somos um pouco egoístas. Ao ponto de desejarmos os teus últimos pensamentos. Ao ponto de sentirmos a tua falta, e querer que cá estivesses, como sempre. Mas não a ponto de esse desejo se concretizar à custa do teu sofrimento.

Para isso, preferimos ter-te aí, onde quer que estejas. Esperando que a moradia seja mais apelativa e confortável que aquela onde, fisicamente, te deixámos.

E, não querendo pedir muito, que vás dando um olhinho por nós, que andamos aqui em modo de adaptação à tua ausência, para que não nos percamos, e não te percamos, nem à memória dos momentos que nos proporcionaste, enquanto estiveste connosco. 

Este livro é uma homenagem a ti, criança e mulher guerreira, de muitas lutas, que sempre aguentou o barco, mesmo quando ele ameaçava afundar. Que sempre se manteve firme como pilar, para que o resto da estrutura não caísse.

Uma guerreira que terá, agora, o seu merecido descanso!"

 

 

Faz hoje uma semana que nos deixaste.

Uma semana desde que recebi a triste notícia.

Uma semana de saudades, e de muitas emoções.