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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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Histórias Soltas #31: O menino e a flor

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Naquela pequena aldeia, viviam-se tempos difíceis.

A seca extrema obrigou ao racionamento da água, que era usada apenas para o essencial.

Naquela pequena aldeia, numa casinha de pedra, morava um menino. No jardim, a sua flor. 

Eram companheiros, cúmplices. Tinham-se um ao outro. E ele não queria que a história de ambos terminasse.

Não havendo forma de a regar, como em outros tempos, e com a chuva a teimar em não cair, não sabia bem como mantê-la viva.

Mas, sempre que podia, sempre que conseguia, à socapa, guardar umas gotas de água, levava à sua flor.

Não era muito. Não era, certamente, o suficiente. Mas era melhor que nada. Talvez, com sorte, essas pequenas gotas lhe permitissem resistir mais um pouco.

Era a única coisa que ele podia fazer. Dar-lhe algum alento. Esperança. Por ela, e por ele.

 

No entanto, a flor via as coisas de outra forma.

Aquelas gotas, não só não lhe matavam a sede, como pareciam, pelo contrário, fazê-la ansiar por mais água.

Água que não sabia quando, ou se, algum dia, viria.

Não sabia quanto tempo mais aguentaria sem a água que, realmente, necessitava.

Além de mínima, parecia que aquela água já nem tinha o mesmo sabor de antes. Parecia insípida.

Talvez ela estivesse mesmo condenada.

 

Então, entrou em modo de rejeição.

Começou a recusar as poucas gotas que o menino lhe trazia.

Ao contrário do menino, que acreditava que mais valia pouco, que nada, a flor começou a pensar que mais valia nada, que tão pouco, se o fim que os esperava era o mesmo.

O menino não conseguia compreender.

Ainda insistiu, contrariando-a. Levando, de vez em quando, as suas preciosas gotas.

Mas vendo a atitude da flor, acabou por, também ele, se render. E desistir.

 

A flor percebeu que, quanto menos água tinha, menos parecia precisar dela.

Menos lhe sentia a falta.

Achou que era um bom sinal. Que a sua resolução estava a resultar.

Até que, um dia, simplesmente, morreu.

E, com a sua morte, também a de uma bonita história, que poderia ter tido outro final.

 

 

 

Imagem: abano

 

 

 

 

"Jardim de Inverno", de Kristin Hannah

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"Jardim de Inverno" é a história de três mulheres, totalmente diferentes mas, sem o perceberem, mais parecidas do que poderiam imaginar.

É daquelas histórias que nos faz reflectir sobre as pessoas: aquilo que as molda, o que as move, o que guardam ou carregam dentro de si. 

O que as transformou naquilo que são. O que está por detrás das suas atitudes.

 

É uma história de pessoas sonhadoras, que se atreveram a viver numa época em que os sonhos tinham de ser escondidos. De medos, que as acompanhavam dia e noite.

De coragem. Resiliência. Amor.

De luta. Mesmo quando já pouco restava, pelo que lutar. Ou quando as forças, para tal, começavam a esvair-se.

De sobrevivência. Resignação, e esperança. 

 

É a história de uma mãe, e duas filhas, que nunca sentiram o amor dessa mãe dirigido, unicamente, ao marido, pai de ambas.

Até ao momento em que o pai morre. Não sem antes pedir a Anya, sua mulher, que o conto de fadas da infância das meninas seja contado, uma última vez, às suas filhas mas, desta vez, até ao fim. 

 

Meredith, a filha que ficou a tomar conta dos negócios do pai, é casada e tem, também ela, duas filhas.

A determinado momento, ela percebe que passou os últimos anos a dedicar-se a todos à sua volta, a satisfazer a vontade dos outros e, com isso, perdeu-se a si mesma. 

Agora, tem de lidar com a morte do pai, com a mãe, que não consegue compreender, e com um casamento à beira da ruptura.

 

Nina, a filha que partiu, é solteira, aventureira, e nunca fica muito tempo no mesmo sítio.

É o tipo de filha com quem não se pode contar, a cem por cento.

Responsabilidade não é com ela. Tão pouco prender-se a alguém.

Mas o que tem de inconsequente, de destemida, de desligada tem, também, de obstinada.

 

Com ideias e intenções que, muitas vezes, chocam com as da irmã, cada uma com a sua razão, e a tentar fazer o melhor que sabem, e que prometeram ao pai, será Nina a insistir, e a conseguir convencer a mãe a contar, finalmente, o conto de fadas que, de fadas, tem muito pouco.

É a história de vida da mãe, de há décadas. Quase uma outra vida, marcada pelo terror, pela guerra, por perdas irreparáveis, e por uma culpa e punição que infligiu a si mesma durante demasiado tempo.

 

Há pessoas que apenas são como são, sem qualquer justificação.

E outras, que são o que a vida, e o passado, fez delas.

Mas nunca é tarde para mudar as coisas. 

Não quando ainda há amor no coração.

 

"Jardim de Inverno" é a história de uma "outra" mãe, que tudo fez para salvar os seus filhos. Para os proteger. E não conseguiu. E que, depois disso, só desejou morrer. Mas não morreu. Ao contrário do seu filho, naquele hospital. Ao contrário da sua filha e do seu marido, naquela estação.

E, por isso, viveu uma nova vida, ainda que pela metade.

 

Toda a história é comovente, mas o final é surpreendente, e avassalador.

Um livro de leitura obrigatória, sem dúvida.

 

Sinopse:

"Jardim de Inverno é um romance de uma beleza rara, que navega na paisagem complexa, mas sempre envolta pelo amor mais puro, dos corações de uma mãe e das suas filhas.

Meredith e Nina são tão diferentes quanto duas irmãs podem ser. Uma ficou na terra para gerir os pomares da família e criar os filhos; a outra viajou pelo mundo e tornou-se uma fotojornalista de renome mundial.
Quando Evan, o pai amado de ambas, adoece, Meredith e Nina reencontram-se junto à sua cabeceira sob o olhar duro da mãe, Anya, uma mulher de temperamento frio e autoritário.
Da infância, recordam as duas o conto de fadas eslavo que a mãe lhes recitava em voz baixa à noite, sempre às escuras.
No leito de morte, o pai pedirá uma promessa às três mulheres da sua vida: o conto de fadas será contado uma última vez, mas agora até ao fim.
Só assim as filhas poderão ficar a conhecer o passado trágico da mãe.
Será então através da voz vacilante e insegura de Anya que terá início uma viagem inesperada à verdade sobre a sua vida - e o conto de fadas revelar-se-á afinal uma grande história de amor, sofrimento e renascimento que abrange mais de sessenta anos, entre a devastação da Segunda Guerra Mundial e a esperança dos dias de hoje.
Por vezes, podemos ler as páginas do nosso futuro no passado da nossa família.
Neste livro, esse será o segredo que as duas irmãs terão de enfrentar, e que mudará para sempre a imagem da sua mãe e de quem elas próprias pensavam ser.
Numa escrita inigualável, Kristin Hannah, como em toda a sua obra, volta a colocar aqui o foco no que representa ser uma mulher em tempos de grandes desafios."

"Nowhere", na Netflix

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Acabadinho de estrear, "Nowhere" foi o filme escolhido para ver este fim de semana.

Não é inspirado em factos reais, mas até poderia ser, tendo em conta a quantidade de pessoas que tentam fugir, clandestinamente, dos seus países, e os enganos e acidentes que acontecem com essas pessoas, pelo caminho impedindo-as, muitas vezes, de chegarem ao destino.

Muitas são as vezes que acabam separadas dos familiares.

Que são presas. Recambiadas de volta. Ou, simplesmente, morrem.

 

Em "Nowhere", vemos Espanha como um país devastado pela escassez de recursos para a sobrevivência da população, em que a solução encontrada, pelo regime, é exterminar crianças e mulheres grávidas.

Mia e Nico já perderam a sua filha, Uma, quando esta foi levada pelos militares e, possivelmente, morta por eles.

Agora, Mia está grávida e, junto com o marido Nico, pagam por uma viagem clandestina para fugir para a Irlanda.

Na confusão instalada pela quantidade de fugitivos a querer entrar, e a necessidade de os dividir pelos vários camiões, o casal acaba separado.

Numa operação de controlo, o regime percebe que o camião onde está Mia transporta fugitivos e, por isso mesmo, extermina-os a todos. À excepção de Mia, que se conseguiu esconder e que, agora, segue sozinha no contentor.

Mas se ela acha que o pior já passou, está enganada.

O pior ainda está por vir.

 

Durante uma tempestade, o contentor de Mia cai ao mar, e é lá que ela fica, à deriva, trancada, até que alguém a encontre, ou morrerá ali mesmo.

É a partir daqui que Mia, a protagonista do filme (um grande papel de Anna Castillo), desenvolve todo o seu instinto de sobrevivência e, ao mesmo tempo, mostra o que o instinto maternal é capaz de fazer para proteger o seu bebé, acabado de nascer, onde nunca imaginou.

Com pouca água, quase nenhuma comida, com um bebé que tem que cuidar e alimentar, isolada, sem forma de pedir ajuda ou comunicar com alguém, e sem saber se sairá dali a tempo, antes que o contentor afunde, Mia vai passar por momentos em que quase se rende às evidências, sobretudo quando acredita que Nico morreu, e a culpa pela morte da sua filha a faz querer morrer também.

 

Anna Castillo "carrega", de forma exímia, o filme às costas.

Excelente interpretação, num filme que vale a pena ver.

No entanto, sinto que o filme não conseguiu estar a 100%. Que lhe faltou qualquer coisa.

Talvez um enquadramento da situação, o porquê de eles estarem a fugir. Fica subentendido, mas não há essa contextualização.

E, quem sabe, mostrar, através dos pensamentos de Mia, o que aconteceu a Uma. Embora haja uma conversa, ficou a faltar visualizar a cena.

Por outro lado, Nico foi quase um figurante, insignificante para a história, e não se percebe que destino teve.

 

Quanto a Mia e Noa, a bebé nascida em alto mar, conseguirão elas sobreviver?

Ou ficarão, para sempre, no oceano?

 

 

"Ilha das Memórias", de Nora Roberts

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Numa noite como outra qualquer, num centro comercial como outro qualquer, o inesperado aconteceu: um massacre, levado a cabo por três adolescentes armados, que começaram a disparar sem parar matando, um a um, todos os que ali tinham ido, por um qualquer motivo, sem sonhar com o destino que os esperava.

 

Mas nem tudo correu bem.

Alguém chamou a polícia.

Alguém ajudou a salvar vidas.

 

Pessoas escaparam.

Pessoas que, de uma forma ou de outra, sobreviveram para contar a história.

Pessoas que, de uma forma ou de outra, se destacaram.

Ganharam protagonismo. Superaram o trauma. E seguiram com a sua vida.

 

Enquanto isso, os causadores de tudo isso, morreram.

Um, abatido pela polícia. Os outros dois, honrando o pacto firmado, mataram-se um ao outro.

Seria de supor que o assunto, apesar das mazelas causadas, estaria encerrado.

 

Não está.

Cedo ficamos a saber quem, realmente, planeou o ataque, e quais são os seus planos para aqueles que, de alguma forma, se meteram no seu caminho, e sobreviveram.

Entre eles, Simone Knox, a primeira pessoa a ligar para a emergência.

Reed Quartermain, um jovem que se tornou polícia e vai fazer de tudo para deter a nova ameaça.

Essie McVee, a agente da polícia que assassinou o seu irmão.

E tantas outras pessoas... Tantos novos alvos a eliminar.

 

Há uma razão. Ou, talvez, várias. 

Quase sempre giram à volta do mesmo.

E nunca são justificação suficiente para tais actos.

Mas o cérebro por detrás deste novo massacre tem tudo delineado, justificado, e não vai parar.

Sem que alguém consiga travar, mas a começar a dar sinais de que começa a perder o controlo, a questão não é se vai voltar a matar, mas quando, onde, e quem será a próxima vítima.

 

Este é um livro que fala sobre superação.

Como superar o trauma de ser baleado, e ficar limitado. Ficar com marcas físicas, e psicológicas.

De ver pessoas a morrer, ou já mortas, à nossa frente, ao nosso lado, em cima de nós.

Como diferentes pessoas, lidam de formas tão diferentes mas, no fundo, sentem uma dor semelhante.

E, no meio de tudo isto, como amizades se constroem. Ou se firmam.

Como famílias se atacam, e se afastam. Ou permanecem unidas.

Como cada um se vai descobrindo a si próprio, e ao seu propósito na vida. 

Como se vai abrindo para as novas oportunidades, para um novo futuro.

Ou como vai ficando preso naquele mesmo dia, naquela mágoa, sem conseguir ultrapassar, e voltar a viver, ainda que vivo.

 

Porque a verdade é que muitas pessoas morreram.

Pais, filhos, amigos...

Há muito a lamentar, sem dúvida.

Mas tantas outras sobreviveram.

E cabe a essas fazer a vida, e o simples facto de estar vivas, valer a pena.

Por si, e por todos os que não tiveram a mesma chance.

E por quem acha que vai conseguir destrui-las, mais cedo ou mais tarde, e acabar o que ficou inacabado. 

 

O que menos gostei do livro, para além de se saber logo que vai ser o assassino de serviço, foi o facto de o dito cujo conseguir matar uma pessoa atrás da outra, e safar-se sempre, sem que consigam sequer chegar perto, gozando com a polícia e com todos à sua volta.

E depois, perante isso, o fim acaba por ser fácil e rápido demais.

 

Vale ainda a pena pelo Barney, o cão que sofreu de maus tratos e vai ser acolhido pelo chefe da polícia, aprendendo a voltar a confiar nos humanos, socializando, e tornando-se os melhores amigos.

"Lobo Solitário", de Jodi Picoult

Lobo Solitário

 

Um pai...

Dois filhos...

Um deles quer manter o pai vivo. O outro, nem por isso.

Duas motivações diferentes. Duas perspectivas diferentes. Duas decisões contrárias.

Nesta história, nenhuma está certa ou errada.  Ambas estão certas. E ambas estão erradas.

E as decisões que tomam, tomam-nas pelas razões certas, e pelas erradas.

Porque, quando se tomam decisões que dizem respeito a terceiros, é mais fácil pensar naquilo que nós próprios queremos, e em como as mesmas nos afectarão, do que pensar naquilo que esses terceiros desejariam, e em como eles se sentiriam.

Se deixássemos de pensar em nós, e pensássemos apenas na pessoa que é a principal visada e interessada, talvez as decisões fossem mais acertadas, e menos difíceis de tomar.

Mas o ser humano é egoísta por natureza. E é com base nesse "egoísmo", que teima em justificar as suas acções e decisões, pelo fim a que as mesmas levariam e que, para ele, é o único fim possível.

No entanto, pior ainda que agir, ou decidir, é optar por não fazê-lo, esperando que outro o faça por si.

Deixar uma qualquer decisão nas mãos de outra pessoa retira, a quem não a quer tomar, a responsabilidade e o peso que a mesma acarretaria, ao mesmo tempo que lhe concede o argumento necessário para culpar quem a tomou por si, ou em nome dos dois.

É uma atitude cobarde. Mas, tantas vezes posta, em prática...

 

Uma mãe...

Dois filhos...

Um que fugiu de casa há seis anos, sem ela saber bem porquê, e que não vê desde então. Outro que preferiu ir morar com o pai, com quem se sentia bem.

E que, agora, regressam, ao mesmo tempo, pela mesma razão, para junto da mãe. Por força das circunstâncias. Embora cada um queira voltar à sua vida o mais depressa possível.

Dois filhos que a disputam entre si. Que procuram nela uma aliada. 

Dois filhos que precisam dela mais do que nunca mas, ajudando um, estará a afastar o outro.

Como provar que ama igualmente os dois?

 

Dois irmãos...

O reencontro após seis anos de ausência, traz com ele toda a mágoa, toda a recriminação, todo o ressentimento.

Se houve um dia em que foram companheiros, e amigos, hoje que estão em lados opostos.

Um, luta pela vida, ainda que essa possa não vir a existir da forma como gostaria. Uma vida sem dignidade. sem liberdade. Uma vida de dependência. Uma vida à espera da morte.

O outro, luta pelo direito a uma morte digna. Pela satisfação de um antigo desejo formulado pelo pai. Pelo salvamento de outras pessoas que ainda possam ter esperança numa vida melhor.

Pode alguém conviver diariamente com uma pessoa e, ainda assim, perceber que, ao contrário do que pensava, não a conhece minimamente?

Pode alguém ausente, ainda assim, conhecer mais uma pessoa que não vê há anos, do que aqueles que lhe são mais próximos?

 

Uma mulher...

Uma nova família, um novo recomeço. Um novo marido. Dois novos filhos.

E, quando tudo parecia perfeito, o passado volta a bater à porta. Como dividir-se em duas? Em quatro? Em cinco? Ou, até mesmo, em seis, sem deixar de ser ela própria? 

Como agradar a uns, sem desagradar a outros?

 

E os lobos...

Esses seres tão peculiares, que nos são dados a conhecer mais profundamente nesta história.

A forma como se organizam dentro da alcateia. Como protegem a sua família.

Como se guiam pelo instinto de sobrevivência, pelo sentido de responsabilidade, pelo dever.

A forma como ensinam as suas lições, como marcam as suas posições.

Como comunicam. Como sentem. Como reagem entre si, e como interagem com os humanos.

 

 

Adorei o livro, e estas foram algumas das frases que destaco desta leitura:

“Não importa o que fazes por alguém, não importa se lhe dás o biberão em bebé, ou se te enroscas com ele à noite para o manter quente, ou se lhe dás comida para que não tenha fome… Dá um passo errado na altura errada e tornas-te irreconhecível.”

 

“Podemos tirar o homem da natureza selvagem, mas não podemos tirar a natureza selvagem do homem.”

 

“Após dois anos a viver com os lobos, tinha-me esquecido da quantidade de mentiras que é precisa para construir um relacionamento. Há uma honestidade no mundo dos lobos que é libertadora. Mas aqui, entre os humanos, havia tantas meias-verdades e mentiras inofensivas que era demasiado difícil lembrar o que era real e o que não era.”