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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Estarei eu, realmente, a viver?

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Olho para trás e vejo que se passaram dois fins de semana prolongados. Foram três dias, em duas semanas seguidas, a que a maior parte dos portugueses tiveram direito, para aproveitar da melhor forma, fosse para descansar, ultimar as compras de natal, enfeitar a casa, passear, estar em família, arrumar a casa, ou outra coisa qualquer.

 

E eu? 

Eu sinto que se passaram 6 dias, que o tempo voou e nem dei por ele, e não aproveitei nada de nada.

Não deu para dormir até mais tarde, porque as donas gatas começam a pedir o pequeno almoço a partir das 7h da manhã, bem como persianas levantadas, cortinas abertas e caixotes limpos.

Depois, há a loiça que ficou para enxugar da véspera, há roupa que é preciso estender antes que o sol fuja, camas para fazer e por aí fora.

Pelo meio, uma ida ao PC, para ver o email, actualizar o facebook, escrever uns posts no blog, responder a comentários e, quando dou por isso, já passei ali um tempão.

Está na hora de ir às compras. Perde-se mais de uma hora.

 

Almoço, arrumar a cozinha, arrumar compras, fazer contas.

Mais uns caixotes para limpar, comida para repôr às bichanas.

Há a roupa que já enxugou, e é preciso passar a ferro e arrumar.

 

Trabalhos com a filha, ou estudos, para a última fase do primeiro período. Quando vejo, é quase noite.

 

E isto repetiu-se durante todos estes dias, sem que eu possa dizer que aproveitei para alguma coisa que seja.

Sinto que estou apenas a passar pelo tempo (ou ele por mim), sem realmente viver a vida.

 

Espero que na semana que vou ter, no final do ano, consiga compensar este desperdício.

 

 

À Conversa com Sandra Pestana

 

 

A minha convidada de hoje é a autora de "CLEO", um livro que pretende ser uma homenagem à sua cadela Cleopatra, que perdeu há cerca de 5 anos.

Com introdução de Ruy de Carvalho, este livro tem também uma vertente solidária - ajudar associações de protecção de animais.

Deixo-vos aqui a entrevista a Sandra Pestana, que fala de forma emotiva sobre a sua relação com a Cleo, e a dificuldade em lidar com a perda de um animal de estimação! 

 

 

 

 

 

 

Para aqueles que ainda não a conhecem, quem é a Sandra Pestana?

Sou uma mulher como tantas outras, nascida em Angola e que veio para Portugal na altura da guerra. Entretanto, vivi no Brasil e em Coimbra e, após uma breve estadia em Barcelona, decidi fixar-me em Lisboa. Sou muito extrovertida, alegre, solidária, franca, honesta, teimosa e determinada, dificilmente aceito um “não” com facilidade e tenho um grande amor pelos animais, particularmente por cães.

 

 

A Sandra estudou Organização e Gestão de Empresas. Alguma vez pensou vir um dia a escrever um livro?

Nunca! Sempre trabalhei na área financeira e, apesar de ter um familiar escritor, nunca tal me passou pela cabeça.

 

 

 

 

“CLEO” foi lançado em Maio de 2015, estando já na 2ª edição. Esperava que este livro alcançasse tanto sucesso?

Na realidade, nunca pensei muito nisso. A decisão de escrever este livro nasceu de uma vontade enorme de homenagear a Cleo, porque foi uma companheira verdadeiramente maravilhosa e uma autêntica guerreira. Imortal para mim, decidi imortalizá-la para o mundo.

Este livro é o castelo que um dia prometi que ergueria em sua homenagem.

 

 

Esta obra é uma homenagem e tributo à memória da sua cadela, Cleo. Como é que a Cleo chegou até si, ou a Sandra a ela?

A Cleo chegou até mim pela mão do meu marido. Estávamos casados há menos de dois meses e ele, sabendo da minha paixão por cães, resolveu fazer-me uma surpresa e apareceu-me em casa com a Cleo. Era tão pequenina e tão frágil, tinha apenas dois meses e meio. Era um tufo dourado de pêlo com uns olhos enormes, muitos expressivos, que me olhavam fixamente.

 

 

Quanto tempo estiveram juntas?

Estivemos juntas durante dezasseis anos.

 

 

Se para muitos donos de animais de estimação, estes são tratados como membros da família, quase filhos, para outros, isso é algo difícil de compreender. Tendo em conta a sua experiência pessoal, o que diria a essas pessoas sobre as relações entre humanos e animais de estimação?

Dir-lhes-ia que um animal de estimação é um membro efectivo da família e que a vida com ele é, seguramente, muito melhor. A partir do momento em que a Cleo entrou em nossa casa, passou a ser nossa filha, neta dos nossos pais, sobrinha dos meus irmãos e prima dos meus sobrinhos.

Dir-lhes-ia também que esta é a mais bela e a mais pura relação que pode haver entre dois seres.

 

 

Ainda com base na sua relação com a Cleo, considera que os humanos têm muito a aprender com os animais de estimação?

Considero que realmente têm muito a aprender, nomeadamente, no acto de dar sem esperar nada, rigorosamente nada, em troca.

 

 

 

“CLEO” começou a ser escrito dias após ter perdido a sua companheira. Escrever este livro ajudou-a, de alguma forma, a superar a dor da perda?

Não! Achei que ajudaria, mas na realidade não ajudou.

Passaram-se quase cinco anos e meio e não há um só dia em que não pense nela, não verta uma lágrima por ela e quando me deito, que o meu primeiro pensamento não vá para ela.

 

 

Que feedback tem recebido por parte dos leitores? Existem muitos casos de leitores que se identificam com a história?

O feedback tem sido extraordinário e nunca pensei que o livro atingisse a dimensão que atingiu. As pessoas identificam-se com esta história de vida, absolutamente real e em que a Cleo é a narradora, e enviam-me mails, mensagens e deixam as suas opiniões na sua página (www.facebook.com/CLEO.SANDRAPESTANA).

Mesmo quem nunca passou por uma situação destas, de perda, consegue sentir-se tocada, envolver-se e perceber muito bem o livro.

Uma das coisas que mais me deixa feliz é quando me dizem que, enquanto liam o livro, parecer que estavam a viver a história. Isso é muito bom, é sinal que a mensagem foi passada.

 

 

A Sandra tem estado, neste momento, a fazer algumas apresentações do seu livro, com o objetivo de angariar fundos para associações de proteção aos animais, nomeadamente a associação Sobreviver e Projecto Conchinha. Como é que surgiu esta iniciativa?

A partir do momento em que percebi que o livro tinha “pernas para andar”, achei que não faria sentido que o destino dos direitos de autor fosse outro. Poderia simplesmente doar o valor às associações/ projectos, mas achei que seria importante fazer as apresentações e, dessa forma, aproveitar para conhecer melhor as pessoas que, tal como eu, nutrem este sentimento pelos animais.

 

 

De que forma é que o livro “CLEO” poderá ser adquirido pelo público?

Poderá ser adquirido em qualquer livraria e, caso não haja, ser encomendado. Quem quiser um autografado, pode sempre contactar-me através da minha página de FB (www.facebook.com/sandra.pestana.52) ou pela da Cleo e encomendá-lo.

 

 

 

 

Que mensagem gostaria de deixar a todos aqueles que já passaram por uma situação de perda do seu animal de estimação?

Não sei se sou a melhor pessoa para deixar essa mensagem.

Nunca sofri tanto com a perda de ninguém como pela da Cleo e, ainda hoje, sofro muito.

Às vezes parece-me que nunca farei o luto!

Era uma relação excepcional e que está para além da vida.

Não consigo deixar nenhuma mensagem. É uma dor horrível!

 

 

Muito obrigada, Sandra!