Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Sentir a "dor" dos filhos

Sem Título4.jpg

 

Dizem que as mães sentem as dores dos filhos.

Seja ainda dentro da barriga, se algo não está bem.

Seja cá fora.

Ora pelas cólicas, ou pelos dentes a nascer, quando são bebés.

Ou quando apanham aquelas doenças típicas da infância, e ficam murchinhos.

Ou quando temos que os deixar na escola, entregues a estranhos, e os vemos pedir para não os deixarmos.

Seja quando têm dificuldades, ou quando se chateiam com os amigos.

Ou quando querem concretizar um sonho, e não conseguem.

Estamos sempre lá, e sofremos com eles.

Da mesma forma que ficamos felizes quando estão felizes, ficamos tristes quando estão tristes.

 

Até ontem, estava feliz, porque a minha filha também o estava.

Mas a felicidade depressa escapa por entre os dedos.

A dela, foi-se.

O que era para ser uma surpresa boa, tornou-se um pesadelo.

E, ontem, experimentei um outro tipo de dor que, até aqui, desconhecia: a dor dos desgostos de amor dos filhos.

Não é nada comigo, mas sinto-o como se fosse. Ou ainda mais.

Ela chora. E eu choro com ela.

Ela está triste. E eu, também, por ela.

Não posso fazer nada para mudar o desfecho, e trazer-lhe de volta os momentos felizes.

Só posso estar ao lado dela, como sempre, e apoiá-la.

 

Sim, este é o primeiro namorado.

E ela é nova.

Ainda há-de viver outros romances.

Mas este amor era o primeiro.

E estavam tão felizes...

Histórias Soltas #20: Estagnar, ou seguir em frente?

Descubre-el-sentido-de-tu-vida.jpg

 

- O que vai acontecer comigo?

- Vais seguir o teu caminho.

- Mas... E eles?

- Eles?

- A minha família. Posso vê-los?

- Porque queres vê-los?

- Porque sei que estão a sofrer. Quero olhar para eles, despedir-me, dizer que estou aqui.

- Isso de nada adiantaria. Não te podem ver. Não te ouvem. Não te sentem. Não lhes servirás de consolo. E será pior para ti.

- Mas... Não é possível abrir uma excepção? Uma única vez?

- Neste momento, não. Terás que seguir em frente para aperfeiçoar a tua aprendizagem. Só depois, então, saberás o que te é possível. Mas, se fizeres muita questão, podemos dar-te, temporariamente, acesso às imagens que tanto desejas, em tempo real.  Este acesso tem uma duração limitada. Depois, terás que deixar a tua vida passada, para iniciares a tua vida presente.

 

- O que acontece se eu não quiser avançar, deixar para trás?

- Ficarás, para sempre, presa neste limbo. Não voltarás à vida antiga, mas também não terás uma nova. Ficarás, eternamente, estagnada. E perdes qualquer possibilidade que seja, de um contacto futuro, com quem quer que seja. Tal como outros, que assim o quiseram. 

- Então, o que me estás a dizer é que, para eu ter a mínima hipótese de voltar a ver os que mais amo, de comunicar com eles e, quem sabe, ser vista por eles, ainda que sem qualquer garantia, terei que abdicar deles daqui em diante.

- De forma resumida, sim. É isso.

- Mas é tão injusto. Eles estão tristes. Eu estou triste. Eles precisam de mim. Eu preciso deles.

- De momento, sim. Mas depressa vão ultrapassar. E tu deves fazer o mesmo. Libertá-los. E libertares-te. Quanto mais depressa te libertares, mais cedo iniciarás o teu processo evolutivo. A decisão é tua. 

 

- E, aqui, há alguma hipótese de nos encontrarmos, um dia? Irei, pelo menos, encontrar quem veio antes de mim?

- Talvez sim... Talvez não... Aqui cada um tem o seu próprio caminho e aprendizagem. Pode, ou não, cruzar-se com quem gostaria.

- Ou seja, não há forma de saber o que me espera!

- Não. Só saberás à medida que avançares. Se assim o decidires. Quando estiveres pronta, virei para te acompanhar.

- E se eu não estiver pronta? Se nunca estiver pronta?

- Então, não voltarei. Ficarás entregue a ti própria.

 

E assim ficou, até ao último momento, sem saber o que fazer, demasiado agarrada ao que tinha perdido, para tentar pensar no que poderia vir a ganhar. Mas... 

Não perderia ainda mais, se ali permanecesse?

Não valeria a pena tentar? 

Então, rendida, como quem solta, e deixa voar, aquilo que, até então, tentava agarrar, ela soube o que tinha que fazer...

 

 

 

 

 

 

A Natureza leva sempre a melhor

IMG_20210225_085408cópia.jpg

 

Hoje, no caminho para o trabalho, olhei para a estrada.

O alcatrão está cheio de falhas, de rachas, provavelmente provocadas, em parte, pela chuva.

Por entre essas rachas brotam, agora, ervas.

 

E isto fez-me pensar que, no duelo entre o Homem e a Natureza, por muito que o primeiro acredite, muitas vezes, que está em vantagem, no fim, será a segunda a sair sempre vencedora.

O Homem alcatroa as ruas. A chuva destrói, e a flora volta a manifestar-se.

Tal como nas calçadas, nos ladrilhos, nos muros de pedra.

O Homem desrespeita a Natureza, através de diversas construções, que as intempéries acabam por destruir.

O Homem polui, mas sofre com os efeitos dessa poluição.

O Homem esgota os recursos naturais mas, no fim, é ele que fica a perder sem eles.

O Homem, mais cedo ou mais tarde, parte.

A Natureza, fica... e ainda se rirá da sua petulância, da sua prepotência, da sua ousadia em crer que poderia, de alguma forma, e em algum momento, vencê-la.

Quando já deveria saber que a Natureza leva sempre a melhor.