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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Jardim de Inverno", de Kristin Hannah

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"Jardim de Inverno" é a história de três mulheres, totalmente diferentes mas, sem o perceberem, mais parecidas do que poderiam imaginar.

É daquelas histórias que nos faz reflectir sobre as pessoas: aquilo que as molda, o que as move, o que guardam ou carregam dentro de si. 

O que as transformou naquilo que são. O que está por detrás das suas atitudes.

 

É uma história de pessoas sonhadoras, que se atreveram a viver numa época em que os sonhos tinham de ser escondidos. De medos, que as acompanhavam dia e noite.

De coragem. Resiliência. Amor.

De luta. Mesmo quando já pouco restava, pelo que lutar. Ou quando as forças, para tal, começavam a esvair-se.

De sobrevivência. Resignação, e esperança. 

 

É a história de uma mãe, e duas filhas, que nunca sentiram o amor dessa mãe dirigido, unicamente, ao marido, pai de ambas.

Até ao momento em que o pai morre. Não sem antes pedir a Anya, sua mulher, que o conto de fadas da infância das meninas seja contado, uma última vez, às suas filhas mas, desta vez, até ao fim. 

 

Meredith, a filha que ficou a tomar conta dos negócios do pai, é casada e tem, também ela, duas filhas.

A determinado momento, ela percebe que passou os últimos anos a dedicar-se a todos à sua volta, a satisfazer a vontade dos outros e, com isso, perdeu-se a si mesma. 

Agora, tem de lidar com a morte do pai, com a mãe, que não consegue compreender, e com um casamento à beira da ruptura.

 

Nina, a filha que partiu, é solteira, aventureira, e nunca fica muito tempo no mesmo sítio.

É o tipo de filha com quem não se pode contar, a cem por cento.

Responsabilidade não é com ela. Tão pouco prender-se a alguém.

Mas o que tem de inconsequente, de destemida, de desligada tem, também, de obstinada.

 

Com ideias e intenções que, muitas vezes, chocam com as da irmã, cada uma com a sua razão, e a tentar fazer o melhor que sabem, e que prometeram ao pai, será Nina a insistir, e a conseguir convencer a mãe a contar, finalmente, o conto de fadas que, de fadas, tem muito pouco.

É a história de vida da mãe, de há décadas. Quase uma outra vida, marcada pelo terror, pela guerra, por perdas irreparáveis, e por uma culpa e punição que infligiu a si mesma durante demasiado tempo.

 

Há pessoas que apenas são como são, sem qualquer justificação.

E outras, que são o que a vida, e o passado, fez delas.

Mas nunca é tarde para mudar as coisas. 

Não quando ainda há amor no coração.

 

"Jardim de Inverno" é a história de uma "outra" mãe, que tudo fez para salvar os seus filhos. Para os proteger. E não conseguiu. E que, depois disso, só desejou morrer. Mas não morreu. Ao contrário do seu filho, naquele hospital. Ao contrário da sua filha e do seu marido, naquela estação.

E, por isso, viveu uma nova vida, ainda que pela metade.

 

Toda a história é comovente, mas o final é surpreendente, e avassalador.

Um livro de leitura obrigatória, sem dúvida.

 

Sinopse:

"Jardim de Inverno é um romance de uma beleza rara, que navega na paisagem complexa, mas sempre envolta pelo amor mais puro, dos corações de uma mãe e das suas filhas.

Meredith e Nina são tão diferentes quanto duas irmãs podem ser. Uma ficou na terra para gerir os pomares da família e criar os filhos; a outra viajou pelo mundo e tornou-se uma fotojornalista de renome mundial.
Quando Evan, o pai amado de ambas, adoece, Meredith e Nina reencontram-se junto à sua cabeceira sob o olhar duro da mãe, Anya, uma mulher de temperamento frio e autoritário.
Da infância, recordam as duas o conto de fadas eslavo que a mãe lhes recitava em voz baixa à noite, sempre às escuras.
No leito de morte, o pai pedirá uma promessa às três mulheres da sua vida: o conto de fadas será contado uma última vez, mas agora até ao fim.
Só assim as filhas poderão ficar a conhecer o passado trágico da mãe.
Será então através da voz vacilante e insegura de Anya que terá início uma viagem inesperada à verdade sobre a sua vida - e o conto de fadas revelar-se-á afinal uma grande história de amor, sofrimento e renascimento que abrange mais de sessenta anos, entre a devastação da Segunda Guerra Mundial e a esperança dos dias de hoje.
Por vezes, podemos ler as páginas do nosso futuro no passado da nossa família.
Neste livro, esse será o segredo que as duas irmãs terão de enfrentar, e que mudará para sempre a imagem da sua mãe e de quem elas próprias pensavam ser.
Numa escrita inigualável, Kristin Hannah, como em toda a sua obra, volta a colocar aqui o foco no que representa ser uma mulher em tempos de grandes desafios."

"Um Dia", na Netflix

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Esta minissérie estreou no dia 8 de Fevereiro na Netflix, e já está a dar que falar.

Depois do livro, e da adaptação a filme, chega agora a série, que acompanha Emma e Dexter ao longo de quase 20 anos, através de um dia específico, de cada ano - 15 de julho.

O dia não terá sido escolhido ao acaso: 15 de julho é um dia decisivo no Reino Unido. É o Dia de São Swithin e será o momento em que o tempo para os próximos 40 dias será conhecido. Se chover, vai chover por 40 dias, se fizer sol, vai fazer sol nos próximos 40 dias. A lenda conta ainda que o dia 15 de julho estreita laços, traz novidades e tudo que acontece ao longo desse dia, acontecerá pelo resto das vidas dos seus protagonistas.

 

Portanto, Dex e Emma conhecem-se no dia 15 de julho de 1988, dia em que comemoram a licenciatura nos respectivos cursos e, o que poderia ser um romance, ou uma aventura de uma noite, acaba por se transformar numa espécie de amizade que perdura ao longo dos anos seguintes.

 

Cada episódio, à excepção dos dois últimos, corresponde ao dia 15 de julho de cada um dos anos seguintes, e mostra como estão os protagonistas, e a sua relação, nesse ano específico.

Confesso que, apesar de nos irem sendo dadas algumas dicas sobre o que aconteceu no resto de cada um dos anos, acabamos por perder muita informação da história, e tudo acaba por ser muito fugaz e superficial, sem aprofundar muito.

 

Os episódios são relativamente curtos e, por isso, embora tenha catorze episódios, vê-se bem.

Pelo menos, a partir do 4º.

Estive muito perto de desistir de a ver, porque os primeiros episódios são muito "mornos", mas li tantos comentários a dizer que era uma série extraordinária e comovente, que acabei por continuar a vê-la.

E não, não achei assim tão boa, ou tão comovente, a ponto de derramar lágrimas sem fim, e gastar uns quantos lenços de papel.

Mas é melhor do que a minha primeira impressão. E tem duas ou três cenas mais fortes, que fizeram valer a pena.

 

Voltando à história, depois da primeira noite, em que falam de planos para o futuro e expectativas relativamente ao rumo a dar às suas vidas, agora que são licenciados, Dex e Em seguem cada um a sua vida.

E, quando se voltam a encontrar, percebem que a vida nem sempre é como idealizaram, e que os sonhos acabam por ficar arrumados na gaveta.

Há uma diferença entre eles: Emma é uma pessoa simples, trabalhadora, sonhadora, mas com os pés assentes na terra; Dexter sempre teve tudo o que quis, e acaba por não ter nada do que quer, talvez porque nem sequer saia bem o que quer. Emma quer mudar o mundo para melhor. Dexter quer ser rico. Emma não se deslumbra facilmente, e encara a vida dura, quando assim tem que ser. Dexter refugia-se nas drogas e no álcool, quando as coisas complicam.

Mas também têm alguns pontos em comum: ambos têm medo de assumir o que sentem, em lutar pelo que querem e, por isso, vão-se acomodando, cada um na sua vida, com os seus altos e baixos, e relações fugazes que, nem por isso, os fazem mais felizes.

 

É bonita de ver a amizade entre os dois, sobretudo ao início, em que cada um consegue fazer vir ao de cima o melhor do outro, e estar lá para o outro.

O problema começa quando a amizade entre eles é ameaçada, sobretudo pelo comportamento de Dexter.

Até 2007, vamos acompanhando o crescimento de ambos, os sucessos e fracassos, as relações amorosas falhadas, com alguns anos de afastamento, de reencontros e de duros golpes para os dois.

E talvez seja essa a razão para gostarmos da série: mostra pessoas reais, vidas reais, problemas reais, sem floreados.

Com tudo o que possa haver de bom. E de mau...

 

 

 

 

 

 

1 Foto, 1 Texto #10

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Um dia, sentaram-se ali, os dois...

 

A olhar para o horizonte

A fazer planos

A idealizar sonhos

 

Apaixonados, acreditavam no amor

Imaginavam o seu lar

A família que iriam construir

 

Tinham a vida inteira pela frente

O mundo à sua espera

Promessas que iriam cumprir

 

 

Um dia, sentaram-se ali, os dois...

 

Recordaram as conquistas e as vitórias

Agradeceram os desafios, que os fortaleceram

Lamentaram as perdas, e os momentos tristes

 

 

Um dia, sentou-se ali, só...

 

Sem ter com quem partilhar aquele momento

O aperto no peito

A saudade no coração

As lágrimas no rosto

 

 

E, um dia, ninguém se sentou...

Tudo se desvaneceu

Tudo findou

A vida perdeu-se

 

Só o miradouro ficou...

 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1Texto

Viver pela metade...

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Porque é que as pessoas se acomodam?

Porque é que as pessoas se deixam estar com o mesmo "sapato" calçado, ainda que esse sapato já não seja bem o que o seu pé está a pedir?

Porque é que as pessoas se contentam com o "copo meio cheio", ainda que tivessem vontade de beber muito mais?

Porque é que as pessoas preferem não se sentir totalmente felizes e realizadas, a lutar por aquilo que, verdadeiramente, sonham e anseiam?

 

Por receio?

Por hábito?

Por vergonha?

Por puro comodismo ou conveniência?

Por falta de coragem?

 

O que leva tantas pessoas a viver pela metade, quando poderiam (e deveriam) viver por inteiro?

 

Talvez por preferirem saber com o que contam, em vez de se aventurarem num desconhecido incerto.

Ou por considerarem que não merecem. Que isso não é para elas. 

Ou por recearem o julgamento público.

 

O julgamento de quem se admira por algumas pessoas, mais destemidas, terem a ousadia de querer uma vida plena, como se fosse um pecado, ou um crime.

Quando, no fundo, também elas queriam ter essa audácia.

 

E, assim, se levam vidas, e anos, num mesmo marasmo. Por vezes, até à morte.

E para quê?

Se, depois, já não podemos viver mais?

No fim, terá, realmente, valido a pena?

 

 

"As Nadadoras", na Netflix

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Estreou no dia 23, na Netflix, o filme "As Nadadoras", baseado na história real das irmãs sírias Sara e Yusra.

É um filme sobre refugiados, os perigos que correm para fugir da guerra, para lutar por uma vida melhor, e concretizar os seus sonhos.

Sobre o quão difícil, desesperante, frustrante e nem sempre bem sucedido é o trajecto desde a partida, até onde pretendem chegar. 

Sobre a discriminação que sofrem, as burocracias que enfrentam, as burlas a que estão sujeitos, a ajuda humanitária que lhes é oferecida.

 

É um filme sobre família, sobre união, sobre compreensão, sobre querer o melhor para os seus, ainda que isso signifique a separação, e a distância.

 

É um filme sobre coragem, sobre sacrifício, sobre entreajuda, sobre objectivos, sobre o futuro. 

 

Duas irmãs em busca de uma vida melhor, mas com destinos bem diferentes.

Yusra, sempre focada na natação, na participação nos Jogos Olímpicos. Já Sara, apesar de também ser nadadora, mais perdida nos seus objectivos, e sem saber bem o quye fazer, e que caminho seguir.

 

Na altura em que fugiram de Damasco, Yusra tinha 17 anos. Sara era mais velha.

Para trás ficou o pai, a mãe, e a irmã mais nova.

Apesar de não terem seguido à risca o plano inicial, elas conseguiram chegar à Alemanha.

 

Agora, Yusra tem 24 anos, e Sara, 27.

Depois de competir no Rio 2016, Yusra esteve entre os atletas que disputaram as medalhas nas Olimpíadas de Tóquio em 2020, e participou no Campeonato Mundial da FINA de 2022 em Budapeste.

Em 2017, ela foi nomeada a mais jovem Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Yusra é, agora, cidadã alemã.

 

Sara regressou à Grécia para ajudar outros refugiados que chegavam ao país, mas foi presa em 2018, por lavagem de dinheiro, contrabando, tráfico humano e até espionagem, e passou três meses detida. Apesar de, entretanto, ter sido libertada sob fiança, Sara ainda corre o risco de ser condenada de 25 anos de prisão. 

Infelizmente, é o preço a pagar por ajudar a salvar vidas.