Agarra-te à Vida, Não ao Cabelo
Vi o trailer deste filme no facebook, e despertou-me o interesse.
Pelo trailer, pensei que a protagonista fosse sofrer de cancro, e começasse a perder o cabelo devido à quimioterapia, mas não podia estar mais enganada.
Aqui neste filme, o problema não é físico, é psicológico. O que pode ser tanto, ou mais limitador, na vida de uma pessoa.
Desde criança que a mãe de Vi lhe incutiu a necessidade de manter o seu cabelo sempre liso, para evitar a discriminação ou piadas, devido às características do seu cabelo, por ser negra.
Isso implicava que, enquanto todas as outras crianças se divertissem, Vi evitasse tudo o que poderia prejudicar a aparência do seu cabelo.
Mas, o que poderia ser um mero gesto de vaidade, acaba por se tornar uma obsessão, ao ponto de Vi limitar e viver a sua vida em função de um cabelo sempre perfeito, agindo como um robot, e não como humana que é.
O dia do seu aniversário acaba por ser o ponto de partida para a libertar desse peso dos padrões de beleza que carrega dentro de si.
Vi tinha, aparentemente, o emprego perfeito, a vida perfeita, o namorado perfeito, o cabelo perfeito. E tudo parecia encaminhado para o grande momento - o jantar em que, supostamente, iria ser pedida em casamento.
Depois de a chuva lhe arruinar o penteado, e de um percalço no salão, Vi acaba por aparecer no jantar com extensões, depois de um escândalo, por achar que, mais uma vez, tinha que estar perfeita para o pedido de casamento que esperava.
Só que o namorado oferece-lhe uma medalha, e uma cachorrinha, em vez de um anel de noivado e, no meio da discussão, em que o namorado a acusa de não saber viver, de só pensar nas aparências e nem sequer aproveitar os momentos, parecendo artificial, e não natural, acabam por terminar a relação.
Vi muda então o seu visual, e decide ir divertir-se com as amigas, e engatar o primeiro homem que lhe aparecer.
Claro que as coisas, mais uma vez, não correm como o esperado, e Vi acaba por tomar uma atitude radical: rapar o cabelo, que só lhe trouxe tristeza e infelicidade.
A viver uma fase de descoberta, e a habituar-se ao novo look, Vi acaba por viver os melhores momentos da sua vida, e aproveitá-la como nunca tinha feito até aí, ao lado de alguém que aprecia muito mais do que o lado superficial das pessoas.
Este é um filme onde se vê as mulheres a sujeitarem-se aos padrões impostos pela sociedade, e pelas suas próprias inseguranças, agarrando-se a futilidades, esquecendo-se do seu próprio valor, em vez de se agarrarem à vida, que é tão efémera, e merece ser vivida em toda a sua plenitude.
É também um filme que mostra a hipocrisia, e como nunca devemos mudar só para agradar a alguém, se não for isso também o que queremos.
E através do qual percebemos que, muitas vezes, por mais que uma pessoa nos ame e nos queira bem, temos tendência a recair com aqueles que nos magoam, e não nos amam de verdade, sobretudo, quando o aspecto físico fala mais alto.
Conseguirá Vi perceber a tempo o quão errada está, e evitar cometer os mesmos erros duas vezes, ou será que a aceitação de todos à sua volta, e da sociedade em geral, falará mais alto, impedindo-a de se agarrar à vida?