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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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"Perfil Falso", na Netflix - segunda temporada

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Foi com surpresa, e por mero acaso, que fiquei a saber da estreia da segunda temporada da série Perfil Falso.

Vi a primeira temporadada em 2023, já não me lembrava de algumas personagens, confundi um pouco a história com uma outra série que também tinha visto, mas lá apanhei "o fio à meada".

Esta nova temporada parecia ter começado com o pé direito, com crime, suspense, um serial killer a matar homens infiéis, através de um perfil falso, anteriormente, pertencente a Camila.

De alguma forma, todos os assassinatos têm em comum os traços de sadomasoquismo, a mesma forma de drogar as vítimas, e um passado comum ligado a Riviera Esmeralda.

 

Desde o final da primeira temporada, muita coisa aconteceu.

Camila iniciou um relacionamento com David e está prestes a casar-se com ele. Frequenta sessões de psiquiatria, para a ajudar a combater os traumas que ficaram do passado, e a sua obsessão por Miguel.

Já este, andava a fazer terapia, devido aos seus incontroláveis impulsos sexuais, mas deixou antes do tempo, para tentar reconquistar Camila, e evitar o seu casamento a qualquer custo.

E Ángela acaba de ser libertada, após cumprir uma pena de dezoito meses pelo homicídio do seu pai.

 

Em Riviera Esmeralda, há novos inquilinos, com os quais Ángela terá, agora, que lidar.

Quase todos parecem suspeitos.

Algumas personagens do passado também voltarão, nem que seja para, logo em seguida, morrerem.

Mas Ángela parece estar, aparentemente, calma, apesar de tudo o que se passa no seu empreendimento, incluindo a morte do seu próprio irmão.

 

Mais uma vez, com muita pena minha, transformaram uma temporada que prometia mistério e uma investigação policial à altura, numa temporada de pornografia, em que quase tudo anda à volta de sexo.

E, talvez por se focarem tanto no que interessava menos, pecaram no construir da trama, no desenrolar dela, e deixaram muito a desejar em termos de motivação, justificação e planeamento dos crimes.

A mim, desiludiu-me ainda, de certa forma, a identidade do assassino.

 

Houve coisas que ficaram por explicar.

Houve coisas, situações e personagens que ficaram por explorar.

Mais uma vez, fica um final em aberto, a dar indícios de uma terceira temporada que, espero, não venha daqui a outros dois anos.

 

 

"Verity", de Colleen Hoover

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Gostei da ironia do título que é, também, ainda mais ironicamente, o nome de uma das personagens principais - aquela sobre a qual gira todo o enredo: a escritora Verity.

 

Verity começou a escrever uma colecção de livros que, devido a um trágico acidente que a deixou incapacitada, ficou por completar.

Com o objectivo de escrever as três obras que faltam, Jeremy sugere à editora o nome de Lowen, também ela escritora, com o mesmo estilo de escrita da sua mulher.

E se Lowen, inicialmente, quer recusar a proposta, logo acaba por aceitá-la, e mudar-se para casa de Verity, a fim de estudar as anotações desta, e ter uma ideia de como dar continuidade à colecção.

 

Uma das características de um escritor, qualidade ou defeito, é que pode escrever sobre tudo o que lhe vier à mente, seja verdadeiro ou ficção, sem nunca, quem lê, saber se o que está a ler é uma coisa, ou outra.

A questão é: conseguirá um outro escritor, enquanto leitor, discernir entre a verdade e a mentira?

Entre a realidade, e a ficção?

 

Lowen sabe que Verity sofreu um acidente, pouco depois da morte de uma das filhas, sendo que outra das filhas já tinha falecido há uns anos.

Agora, restam Jeremy e o filho, Crew, a lidar com a perda, o luto, e uma mulher/ mãe que depende dos outros para tudo. Que está presente de corpo, mas ausente de mente.

No escritório de Verity, Lowen encontra um manuscrito que nada parece ter a ver com as obras em que esta trabalhava.

Parece, antes, uma autobiografia.

E é assim, ao tentar conhecer melhor a mulher, e a mente da escritora, para melhor fazer o seu trabalho, que Lowen inicia a leitura desse manuscrito, que mudará a vida de todos naquela casa.

 

Concluída a leitura, o dilema entre o que fazer: entregá-lo a Jeremy, e destroçá-lo ainda mais, ou devolvê-lo ao sítio onde estava, como se não existisse, poupando-lhe um sofrimento desnecessário?

E onde entra o interesse pessoal de Lowen?

A verdade é que, se Jeremy passasse a odiar a mulher, ela teria uma hipótese com ele.

No entanto, para além dessa paixão que começou a sentir por Jeremy, Lowen acredita, genuinamente, que tanto ele como o filho correm perigo.

 

Nem tudo, naquela casa, é o que parece.

E nem todos, naquela casa, são o que aparentam ser.

A linha que separa a verdade da mentira, a realidade da ficção, quem é inocente, e quem é culpado, é demasiado ténue.

Na dúvida cabe, a cada um, incluindo nós, leitores, acreditarmos no que, e em quem, quisermos.

 

 

Ouvi dizer que esta obra de Colleen Hoover será a próxima chegar ao cinema.

Espero que sim!

 

 

Sinopse:

"Lowen Ashleigh é uma escritora que se debate com grandes dificuldades financeiras, até que aceita uma oferta de trabalho irrecusável: terminar os três últimos volumes da série de sucesso de Verity Crawford, uma autora de renome que ficou incapacitada depois de um terrível acidente.
Para poder entrar na cabeça de Verity e estudar as anotações e ideias reunidas ao longo de anos de trabalho, Lowen aceita o convite de Jeremy Crawford, marido da autora, e muda-se temporariamente para a casa deles. Mas o que ela não esperava encontrar no caótico escritório de Verity era a autobiografia inacabada da autora. Ao lê-la, percebe que esta não se destinava a ser partilhada com ninguém. São páginas e páginas de confissões arrepiantes, incluindo as memórias de Verity relativas ao dia da morte da filha.
Lowen decide ocultar de Jeremy a existência do manuscrito, sabendo que o seu conteúdo destroçaria aquele pai, já em tão grande sofrimento. Mas, à medida que os sentimentos de Lowen por Jeremy se intensificam, ela apercebe-se de que talvez seja melhor ele ler as palavras escritas por Verity. Afinal de contas, por mais dedicado que Jeremy seja à sua mulher doente, uma verdade tão horrenda faria com que fosse impossível ele continuar a amá-la."

"O Que Ninguém Viu", de Andrea Mara

 

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Comecei a ler este livro em Maio.

Terminei-o esta semana!

E não é porque a história não valha a pena.

Simplesmente, sou um ser estranho que, ali a determinado momento, deixou de ter vontade de ler o que quer que fosse e, como tal, o livro ficou "em espera" indeterminada.

Entretanto, fui lendo outros, e deixando o pobre coitado para trás.

Até que me enchi de coragem e, em dois ou três dias, devorei o que faltava (ainda estava no início quando o pus de lado)!

 

Quanto à história em si, que foi o que mais me chamou a atenção, é o pesadelo que nenhuma mãe quer enfrentar - o desaparecimento de um filho, mesmo ali à sua frente, sem poder fazer nada.

A culpa, e o receio.

O desespero, a frustração, a impotência.

A adrenalina de uma nova pista, de uma pequena esperança, a contrastar com o esmorecimento e cansaço crescente, após cada beco sem saída, e cada regresso à "estaca zero".

 

Naquele dia complicado, que Sive nunca mais irá esquecer, todos os segredos e mentiras que a rodeiam vêm à tona.

E a sua vida, e a de todos à sua volta, vira de pernas para o ar.

Era suposto ser um fim de semana, umas mini férias, um encontro entre amigos de Aaron, marido de Sive, em Londres.

Só isso.

 

Mas, como seria de esperar, foi uma competição entre vidas falsas em que, bem vistas as coisas, se calhar, ninguém é amigo de ninguém. Se calhar, ninguém conhece bem aquelas pessoas, nem aquilo que são capazes de fazer.

Afinal, Nita inventou uma gravidez. Scott mentiu sobre o seu trabalho. Dave mentiu sobre a sua mãe. E Aaron, esse mentiu sobre muitas coisas... "Toda a gente mente", afirma Maggie. Será ela, também, capaz de mentir?

 

Por outro lado, o desaparecimento de Faye será o gatilho para mostrar com quem, no meio daquela gente, Sive pode, de facto, contar. 

E, talvez, no fim, cada um tenha aquilo que merece.

Ou talvez não.

É que não se pode falar nem saber nada sobre aquilo que ninguém viu...

 

 

SINOPSE:

"Duas crianças entram num comboio. Mas só uma sai.

Ninguém viu o que aconteceu…

Acontece tudo muito depressa. Sive está em Londres, numa plataforma do metro apinhada, quando as filhas pequenas, mesmo à sua frente, entram na carruagem. No segundo seguinte, tenta juntar-se a elas, mas as portas fecham-se e a composição afasta-se, deixando-a sozinha no cais.

Todos estão a mentir…

Sive procura chegar rapidamente à estação seguinte, tentando convencer-se de que vai correr tudo bem. Porém, o pânico instala-se quando vê que, em vez de ter as duas filhas à sua espera, apenas a mais nova saiu do metro.

Alguém é culpado…

Será que se perdeu? Foi levada por um estranho? Que aconteceu afinal naquela carruagem? Enquanto cada segundo conta para encontrar a pequena Faye, Sive terá de percorrer um caminho povoado de mentiras e meias-verdades capazes de fazer desmoronar a vida pacata e feliz que tanto lhe custou construir."

"O Casal Perfeito", na Netflix

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Na véspera de um casamento, alguém morre.

Na ilha de Nantucket, onde iria decorrer o casamento, e onde os noivos, respectivas famílias e todos os convidados estão hospedados, mais concretamente, na propriedade da família Winbury, vive-se um clima de festa.

Apesar das dúvidas da noiva, das reticências da mãe do noivo, e dos vários problemas com que cada personagem se debate, o enlace parecia certo. Todos aparentavam estar felizes, e brindar aos noivos.

Mas, na manhã seguinte, o pior acontece.

E o, outrora, palco de uma cerimónia, passou a cenário policial, estando a polícia local a tentar descobrir o que aconteceu, sem ferir suscetibilidades, nomeadamente, para com a família que mais os apoia financeiramente, e com algum poder na zona.

 

Ao longo do primeiro episódio vai ficando a curiosidade para saber quem foi a vítima, que não denunciam de imediato. E penso que, de alguma forma, poderiam ter mantido por mais algum tempo em segredo.

Mas, uma vez revelada começa, então, o desvendar de vários segredos, e o formular de várias razões para o que aconteceu, que não se sabe se foi acidente, ou homicídio.

É, assim, que se percebe, ou se comprova, mais uma vez, que devemos sempre desconfiar de casais perfeitos porque esses, simplesmente, não existem.

Ainda assim, isso não significa que sejam capazes de tudo, para manter as aparências.

 

Na minha opinião, ficaram algumas coisas por explorar/ explicar, incluindo a grande revelação. Percebe-se como aconteceu, porque aconteceu, mas não se isso, por si só, é suficiente para o desfecho. 

 

Protagonizada por Nicole Kidman, Liev Schreiber, Eve Hewson e Dakota Fanning, esta série tem 6 episódios, e é uma boa aposta.

"O Acidente", na Netflix

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Outra grande estreia do mês de Agosto, "O Acidente" aborda, como o próprio nome indica, um acidente ocorrido durante uma festa de aniversário, que provocou a morte de três crianças, o desaparecimento de outra, e vários feridos.

Será a partir daqui que vamos ver como as várias famílias envolvidas, directa ou indirectamente, no acidente, lidam com o luto, com a culpa, com o desejo de vingança, com as consequências de ambição desmedida de uns, e a covardia de outros.

 

Tenho só uma nota a fazer relativamente ao acidente em si.

Naquela festa de aniversário, num dia que estava perfeitamente normal, um fenómeno natural, um vento extremamente forte, conseguiu fazer levantar voo um insuflável, o que originou o acidente. Mais tarde, percebe-se que uma das quatro estavas do insuflável, não tinha sido pregada ao chão. E é aqui a única crítica/ apontamento que tenho a fazer de negativo à série: ou o vento não era assim tão forte e, nesse caso, uma única estaca não pregada não faria diferença, estando as outras três bem firmes, ou o vento foi mesmo avassalador e, nesse caso, nem essa estaca pregada impediria o acidente.

 

Posto isto, há alguém que vai ser acusado, estando inocente, por covardia do (se é que assim se pode chamar) real culpado ou responsável.

E, havendo um acusado, é óbvio que vai haver vingança pelas mortes das crianças. 

Qualquer um poderia fazê-lo. Qualquer um tem motivos.

Quem seria capaz de matar, para vingar uma morte?

 

Desde cedo que a série me deu alguns "ódios de estimação" por personagens sem quaisquer escrúpulos ou valores, capazes de tudo para salvar a própria pele, traindo aqueles que em si confiaram ou, simplesmente, porque se acham uns valentes, os maiores, contra quem acham que não se consegue defender.

 

Mas digo-vos: deu-me mesmo gosto ver a forma como tudo se desenrolou, e como a vida trocou as voltas a quem se considerava inatingível.

 

Algumas das questões abordadas são, por exemplo, ter um filho após a morte de outro. É legítimo? É um erro?

Será que a vida, após a morte de um filho, continua a fazer sentido sem ele?

E quando se tem outros filhos? Como lidar com a morte de um, e com o que está vivo?

É também explorada a forma como cada mãe/ pai faz o seu luto. Bem como os que não o fazem, de todo.

A nível de dilemas morais, também tem a sua quota-parte.

 

Com episódios cheios de suspense e revelações, esta é uma série a não perder.