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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Pacto de Silêncio", na Netflix

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Descobri esta série por mero acaso.

Não me lembro de me ter sido sugerida, ou de ter visto qualquer anúncio da mesma.

Mas deparei-me com ela, pareceu-me interessante, e comecei a ver.

 

Fiquei viciada!

A série tem 18 episódios, motivo suficiente para torcer o nariz e deixá-la a meio, mas o que é certo é que uma pessoa vê um episódio, e quer mais, e mais, e mais...

 

Há 25 anos, uma bebé foi abandonada à sua sorte, por quatro adolescentes.

Uma delas, era a mãe.

Cada uma seguiu a sua vida, deixando esse segredo no passado.

Apenas a directora do internato sabe da história, porque as ajudou na altura.

Mas todas fizeram um pacto de silêncio.

 

Essa bebé é, na actualidade, Brenda, uma influencer digital com muitos seguidores, que passou a vida a tentar descobrir quem era a sua mãe, e a preparar a sua vingança contra aquelas que, sem dó nem piedade, a abandonaram, e nunca quiseram saber dela.

Apesar de ter, agora, uma boa vida, Brenda viveu na pobreza, com a mulher que a criou até aos 10 anos e, depois, nas ruas, chegando, inclusive, a ser detida.

Disposta, agora que, finalmente, tem uma oportunidade, a ir até às últimas consequências para descobrir qual das 4 mulheres é a sua mãe, Brenda vai desenterrar mais do que apenas a sua origem.

 

Sentindo-se ameaçada, após ser confrontada por Brenda, Ramona, a directora do internato, é a primeira a pagar pela sua participação naquela história.

Mas muito mais está por vir.

E cada uma daquelas 4 mulheres, e respectivas famílias, serão afectadas.

No entanto, a própria Brenda corre perigo. Alguém fará o que for preciso para que o passado fique no passado, nem que, para isso, tenha que matá-la.

 

O que mais me surpreendeu nesta série foi a facilidade com que empatizamos com as adolescentes, agora mulheres, condenando mais a vingança de Brenda contra elas, apesar de tudo o que passou, do que o abandono delas, relativamente àquela bebé.

Porque cada uma delas já pagou, à sua maneira. 

E, se aquela criança não merecia ser abandonada, também aquelas mulheres não merecem o que Brenda tem planeado para elas.

Até porque Brenda só conhece uma parte da história.

 

Naquela noite, há 25 anos, quatro amigas - Fernanda, Irene, Sofia e Marina - foram ao festival.

Martina discutiu com o namorado, e acabou por ser vítima de uma violação por um jardineiro doente mental que era obcecado por ela. 

Fernanda aproveitou para "roubar" o namorado da amiga.

Sofia encontrou-se com um professor, às escondidas.

E Irene, após ser pedida em casamento, termina a relação porque quer muito mais para a sua vida.

Um outro crime é cometido. E ocultado.

Uns meses depois, uma delas engravida, e dá à luz.

Numa noite, são obrigadas a fugir, e deixar para trás a bebé, na cabana de uma funcionária do internato.

Só saberemos qual das 4 é a mãe de Brenda no último episódio, embora algumas comecem a ser excluídas, antes disso.

 

Martina é, agora, uma mulher independente, empresária de sucesso, que só está interessada em encontros ocasionais, não havendo espaço para relações afectivas, ou amor.

Fernanda é uma mulher que vive para as aparências, mostrando nas redes sociais a vida e família perfeita que não tem, com um homem que sabe que não a ama, e com dois filhos que não são o que, e como, ela queria que fossem.

Sofia é a amiga pobre, cheia de dívidas, uma escritora fracassada que está prestes a ser despejada, casada com um homem que não ama, pai da sua filha, mantendo uma relação extraconjugal com o antigo professor.

Já Irene, é uma deputada, em plena campanha eleitoral, casada com um político e com o enteado como seu acessor.

 

Todas mantiveram a amizade, e o segredo, ao longo dos anos.

Continuam unidas, como naquela altura: Todas, ou nenhuma!

Mas os seus mundos vão ser virados do avesso, com a entrada de Brenda nas suas vidas.

Resta saber se sairão desse turbilhão mais fortes, mais destruídas, ou se nem sequer conseguirão sair.

Incluindo Brenda...

 

Relações abusivas, traumas,  a descoberta da identidade na adolescência, o vício das drogas e do álcool, e a corrupção e poder político, são alguns dos temas abordados para além da história principal, e que valorizam ainda mais a série.

Das melhores que vi nos últimos tempos!

 

 

 

"O Agente da Noite", na Netflix

O Agente da Noite | Site oficial da Netflix

 

Acho que foi das poucas séries que vi, do início ao fim, sem saltar episódios, ou passar directamente ao último (sim, eu tenho uma forma muito peculiar de ver algumas séries).

Também é daquelas séries em que não corremos o risco de adormecer, perder o interesse, querer pausar porque temos mais que fazer.

São 10 episódios cheios de acção, revelações, surpresas inesperadas.

E, a cada episódio que passa, começamos a questionar quem é, realmente, de confiança e quem, por outro lado, está envolvido em todas as mortes e conspirações.

A mim, confesso, enganou-me bem relativamente a algumas personagens.

 

Após impedir um atentado no metro, Peter é convidado a trabalhar como telefonista, na "Acção Noturna".

O seu trabalho era, basicamente, analisar relatórios, e atender o telefone. Que nunca toca.

Até ao dia em que toca...

E a sua aborrecida vida vira de pernas para o ar, na missão de proteger Rose e, a determinado momento, a si próprio, enquanto tenta desvendar por que motivo assassinaram os tios de Rose, e o que é que esse assassinato tem a ver com o atentado do metro, que ele impediu, e com uma ameaça que ainda está por vir.

 

Paralelamente, temos Maddie, uma adolescente que só quer ter uma vida normal, que odeia o pai, o Vice-Presidente dos EUA, e que, a determinado momento, se vai ver envolvida em todos os esquemas do seu pai, que arrisca a vida da própria filha, para salvar a sua. 

 

"O Agente da Noite" levanta a questão sobre se vale a pena a vida de agente secreto.

Se vale a pena levar uma vida dupla, entre trabalho e família.

Sobre se vale a pena morrer para salvar a vida de alguém.

Sobre as consequências físicas e psicológicas que ficam, quando um desses agentes fica incapacitado no exercício da sua função.

Ou quando não consegue cumprir a sua missão.

Quanto custa um único erro, à sua carreira? À vida daqueles que deveria proteger? 

"A Rapariga Selvagem": o regresso ao cinema pós pandemia!

A Rapariga Selvagem - Cinemas NOS

 

Há muito tempo que não íamos ao cinema.

Já antes da pandemia. E com a pandemia, menos ainda.

Este ano, estava a tentar arranjar um programa para fazermos com as amigas da minha filha, e surgiu essa ideia.

Vi os filmes que estariam em cartaz, enviámos o trailer para ver se todas gostavam, e escolhemos "A Rapariga Selvagem", baseado no livro "Lá, Onde o Vento Chora", de Delia Owens.

 

O filme conta a história da "menina do pântano", uma criança que foi abandonada por todos, e que cedo teve que aprender a sobreviver sozinha, tendo por única companhia os sapais e os animais que por lá habitam.

Não é que ela não se queira relacionar com os outros. Mas o seu pai sempre lhe disse para nunca confiar em ninguém.

E a verdade é que, quando voltou a confiar, voltaram a traí-la, e abandoná-la.

Apenas Jumpin' e a sua mulher, Mabel, mostraram alguma compaixão pela pequena Kya.

 

A história começa com a descoberta de um corpo, e a captura de Kya, agora mulher, como suspeita do crime.

Teria ela motivos para tal? Tinha!

Mas, fará isso, dela, uma assassina?

Todos os habitantes da cidade de Barkley Cove parecem acreditar nisso.

Ela é a estranha. A desgarrada da comunidade. A selvagem.

 

Mas um advogado, Tom, acredita na inocência de Kya, e irá tentar provar que tudo poderá não ter passado de um mero acidente.

Até porque não há qualquer prova contra Kya, apenas suposições de quem tem que, ou quer, encontrar um culpado à força.

 

Assim, vamos alternando entre o presente, o julgamento, e a decisão final, e o passado, o que levou Kya até àquele momento.

Mais para o fim, o tempo avança, até à morte de Kya, altura em que nós, público, ficamos a conhecer a verdade sobre a morte de Chase.

 

Culpada ou inocente?

Acidente ou crime?

Presa, ou predadora?

Que destino estará reservado a Kya? 

 

Valeu a pena ver o filme, por isso, foi um regresso em grande!

As paisagens do pântano e dos sapais são deslumbrantes.

Depois, tem toda a parte social e psicológica, para quem gosta dos temas.

E tem o mistério, e segredos muito bem guardados.

 

 

"Uma Mãe Perfeita", na Netflix

Avis et audience Une mère parfaite (TF1) avec Julie Gayet et Tomer Sisley |  Actualité TV | Nouveautes-Tele.com 

 

São os nossos filhos que esperam que nós sejamos "mães perfeitas"?

Somos nós, mães, que acreditamos que eles esperam isso de nós?

Ou somos nós que, estupidamente, o exigimos a nós mesmas?

Como se menos do que isso, não fosse digno de uma mãe?

 

 

Não existem pessoas perfeitas.

Como tal, não existem filhos perfeitos.

E, tão pouco, mães perfeitas.

Quem acreditar no contrário, está apenas a iludir-se.

 

Enquanto mães, fazemos o melhor que podemos, e conseguimos.

Fazemos o que achamos que é correcto.

Por vezes, tentamos ser o tipo de mãe que nós mesmas tivemos.

Outras vezes, pelo contrário, tentamos nunca seguir o exemplo das nossas mães.

A verdade é que nem nós somos elas, nem os nossos filhos são nós.

 

Hélène é uma mãe que fugiu da sua própria mãe.

Agora, é mãe. E tenta ser a mãe que ela própria gostaria de ter tido.

Em nome de uma família unida e perfeita, tentando ser uma mãe perfeita.

No entanto, tudo isso desmorona quando a sua filha é detida, por suspeita de assassinato.

 

Anya diz-se inocente. Hélène, como é óbvio, acredita nela.

Afinal, a sua filha foi voluntariamente à polícia. Isso significa que não tem nada a temer.

Anya deveria estar em Paris, a estudar na universidade.

A verdade é outra. Ela não estuda. Trabalha, sim, num centro que ajuda mulheres vítimas de violência doméstica.

Hélène começa a perceber que a sua filha lhe escondeu algumas coisas, e que está a tornar-se uma estranha.

 

No entanto, Anya é, também ela, uma vítima.

Na noite do crime, ela foi violada pelo rapaz que morreu.

 

Mais, Anya foi para Paris, precisamente, para fugir de um namorado agressivo, que a violou também.

Apenas o seu irmão sabia.

Ela não quis contar aos pais.

Acusa-os de viver uma farsa. De pressionarem os filhos para serem perfeitos. De serem egoístas.

Acusa a mãe de fazer vista grossa ao mundo real, e ao que de mau nele acontece.

De ter uma vida boa, e não se preocupar com mais nada à sua volta.

 

Percebe-se, também, que nem o casamento de Hélène e Matthias está bem. 

Até porque Hélène tem uma história pendente com Vincent, o advogado que escolheu para ajudar a sua filha.

E é nisso que Hélène vai concentrar as suas forças: provar a inocência da filha, e descobrir a verdade sobre o assassinato de Damien.

Ainda que perceba que, no fundo, está longe de ser uma mãe perfeita, até onde estará Hélène disposta a ir, para ajudar a sua filha?

E que preço pagará por isso?

 

Uma série de 4 episódios que não nos deixa parar de ver até ao final.

E que nos faz questionar qual o nosso papel, enquanto pais.

O quanto sabemos dos nossos filhos.

O quanto eles precisam de nós, ou nós deles. 

Quão pouco controlo temos sobre as suas atitudes, comportamentos e decisões.

E quão pouco podemos fazer, para os proteger, ainda que seja o que mais queremos na vida.

 

 

 

 

"O desaparecimento de Stephanie Mailer", de Joël Dicker

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Em 1994 ocorreu, em Orphea, nos Hamptons, um quádruplo homicídio.

O alvo seria o perfeito, e a sua família. Meghan teria sido um dano colateral.

Um homem foi acusado do crime, e a vida seguiu em frente para todos.

Vinte anos mais tarde, a jornalista aborda um dos policiais responsáveis pelo caso afirmando que, apesar da sua carreira impecável, ele deixou escapar o verdadeiro culpado daquele homicídio, porque só viu aquilo que "quis ver".

E é assim que, contra a vontade de muitos, Jesse, Derek e Anna voltam a desenterrar o caso, e a ressuscitar fantasmas do passado.

 

Na noite após ter conversado com Jesse dando a entender que o verdadeiro assassino estava à solta, Stephanie Mailer desaparece.

Mas esse desaparecimento é apenas o início. O ponto de partida para desvendar a verdade. E, nesse caminho, muitos segredos serão revelados, e mais algumas pessoas, directa ou indirectamente envolvidas, eliminadas.

Há pessoas que procuram respostas às dúvidas que as consomem há 20 anos. Que procuram justiça. 

E há outras, como o assassino, que farão de tudo para que nada seja descoberto.

 

Confesso que, apesar do início cativante, a determinado momento, com tantas personagens novas a entrar na história, sem qualquer ligação aparente entre elas, e sem ligação aparente à trama principal, houve um momento em que pensei ficar por ali na leitura.

Felizmente, não fiquei.

Continuo a achar que houve ali partes desnecessárias, e personagens a mais, das quais se poderia prescindir, sem afectar a história.

Mas valeu a pena chegar ao fim.

 

Este livro mistura drama, comédia, suspense, crime e um pouco da realidade de cada um de nós.

E prova, tal como Stephanie disse, que muitas vezes a verdade está mesmo ali à nossa frente, mas só vemos aquilo que queremos ver.

Porque a pessoa que eles procuravam, esteve sempre ali!

 

Quem era, afinal, o verdadeiro alvo a abater? E porquê?

E quem será o assassino, que continua a fazer vítimas?

Estas são as perguntas para as quais o tempo se está a esgotar, e a que a equipa agora responsável pela reabertura do caso terá que responder.