Leitura em contexto escolar: prazer ou castigo?
É certo que, com todas as novas tecnologias, redes sociais e outros entretenimentos mais cativantes, os jovens, e até mesmo os adultos, tendem a ler cada vez menos, deixando a leitura para um quinto ou sexto plano.
Se estiverem a estudar, aí sim, terão que, forçosamente, dedicar algum tempo à literatura, mesmo que não queiram.
Sempre assim foi. E esse era um dos motivos para, ao contrário do que seria a intenção, começarmos desde logo a "odiar" livros.
Porque eram leituras que não compreendíamos. Que não nos diziam nada. Que eram aborrecidas e maçantes.
A ideia de fomentar a leitura nos mais novos não se tornava um prazer, mas antes um castigo.
Em pleno século XXI, continua tudo igual.
No ano passado, a minha filha tinha que escolher, de entre uma lista, um livro para ler, e fazer uma apresentação sobre ele.
Os melhorzitos, 5 ou 6, já tinham sido escolhidos. E tudo o resto não tinha o mínimo interesse.
Em acordo com a professora, conseguiu fazer o trabalho sobre um livro que não estava na lista, mas que estava dentro dos mesmos temas e contexto.
Este ano, a professora de português enviou-lhes uma lista para um trabalho semelhante.
Praticamente, as mesmas obras do ano passado. Muita poesia. Livros que nem eu, ávida leitora, tenho interesse ou vontade de pegar neles. Quanto mais jovens de 17 ou 18 anos, que não fazem da leitura um hábito.
O que vai acontecer é escolherem um livro, por falta de opções, já contrariados, fazerem o trabalho sem o mínimo interesse, não perceberem nada do que leram e jurarem que, quando não forem mais obrigados, não voltam a pegar num livro!
De todos, só um sobressaiu. O primeiro da lista. "O Vendedor de Passados", do autor José Eduardo Agualusa.
Disse-lhe para escolher esse. Vamos ver se tem sorte.