"Amor sem tempo", de Teresa Caetano
"Amor sem tempo", porque não houve tempo para viver o amor...
"Amor sem tempo", porque o verdadeiro amor é intemporal, e permanece, independentemente do tempo que passar...
Pode um amor, ao qual não foi permitido ser vivido, ainda assim, continuar a existir no coração de cada um dos amantes, por décadas?
Nesta história, só Ana e Diogo poderão responder a essa pergunta!
Eles apaixonaram-se a partir do momento em que, realmente, se viram um ao outro, e enfrentaram tudo e todos para ficarem juntos.
Tinham muitos planos. Tinham projectos. Tinham sonhos a concretizar. Juntos.
Mas eram novos.
E o que aconteceu a seguir teve força suficiente para, não só abalar a relação, como colocar-lhe um ponto final de uma forma que não foi justa para nenhum deles.
Diogo foi acusado de homicídio, e condenado a 25 anos de prisão. Tinha 18 anos.
Por muito que tentasse, Ana não conseguiu acreditar, totalmente, que tivesse sido apenas um acto em legítima defesa. Afinal, todas as provas apontavam para a intencionalidade. E a testemunha ouvida também.
E sabemos como a dúvida pode ser corrosiva. Arruinar sentimentos. Afastar as pessoas.
Neste caso, seria a dúvida, e toda uma vida perdida. Como poderia ela esperar 25 anos? Deixar a sua vida em suspenso?
Por isso, Ana seguiu o seu caminho.
Licenciou-se.
Casou.
Teve filhos.
E empurrou o passado para um recanto escondido, de onde não pudesse ser desenterrado.
Enquanto isso, Diogo sofreu com saudades de Ana, mas teve que se adaptar, que ultrapassar a rejeição e a desconfiança dela, apoiando-se nas pessoas que nunca duvidaram dele, e estiveram sempre lá.
Entre eles, Jorge, o seu companheiro de cela, que se tornou o "pai" que, a determinado momento, o abandonou, e Vanessa, uma prima de coração, que esperou por ele todos os anos em que esteve preso, que o visitou todos os dias que podia, que o defendeu até ao fim, daqueles que o acusavam, tal como a tia Amélia.
"Amor sem tempo" é um livro que nos fala sobre caminhos errados, sobre sonhos desfeitos, sobre vidas destruídas.
Sobre pré julgamentos, sobre aparências e conveniências. Sobre identidade própria, e individual.
Sobre discriminação. Sobre elites e classes desfavorecidas.
Sobre "meninos mimados" armados em valentões, mas que não passam de cobardes.
Sobre como os erros podem transformar tudo numa fracção de segundos, e dar passagem directa para o "inferno".
Sobre como sobreviver, numa prisão, à solidão, ao desespero, às horas, meses e anos infinitos, sem perder a sanidade mental.
Sobre como esquecer um grande amor, e seguir com a vida.
Sobre encontrar objectivos a que se agarrar, para não cair de vez.
E sobre como, por vezes, pode haver redenção, segundas oportunidades, e uma mão do destino, que mostra a luz ao fundo do túnel, que dá uma nova esperança.
Mais cedo, ou mais tarde, a verdade virá ao de cima.
Mais cedo ou mais tarde, o passado regressará. Para resolver o que ficou pendente. Para restabelecer a ordem das coisas. Para ajustar contas com o presente.
A verdade é que Ana não esqueceu Diogo.
Tal como Diogo não a esqueceu.
No entanto, e apesar de terem agora a maturidade que não tinham na altura, cada um tem as suas vidas, os seus companheiros. Seria justo atirarem tudo ao ar, e ficarem juntos depois de todos estes anos?
Poderá este amor que não teve tempo de ser vivido, recomeçar do ponto onde parou, 20 anos depois?
Ou terão que se contentar com um amor que, não podendo ser vivido como gostariam, permanecerá eternamente nos seus corações?
Ao ler este livro, sinto que a autora voltou ao estilo a que já me tinha habituado.
Aquele que nos desafia as emoções, que nos enreda na história, que torna tudo mais real, ou não fosse a realidade descrita, aquela com a qual lidamos diariamente.
Recomendo, sem dúvida!