"Um Dia", na Netflix
Esta minissérie estreou no dia 8 de Fevereiro na Netflix, e já está a dar que falar.
Depois do livro, e da adaptação a filme, chega agora a série, que acompanha Emma e Dexter ao longo de quase 20 anos, através de um dia específico, de cada ano - 15 de julho.
O dia não terá sido escolhido ao acaso: 15 de julho é um dia decisivo no Reino Unido. É o Dia de São Swithin e será o momento em que o tempo para os próximos 40 dias será conhecido. Se chover, vai chover por 40 dias, se fizer sol, vai fazer sol nos próximos 40 dias. A lenda conta ainda que o dia 15 de julho estreita laços, traz novidades e tudo que acontece ao longo desse dia, acontecerá pelo resto das vidas dos seus protagonistas.
Portanto, Dex e Emma conhecem-se no dia 15 de julho de 1988, dia em que comemoram a licenciatura nos respectivos cursos e, o que poderia ser um romance, ou uma aventura de uma noite, acaba por se transformar numa espécie de amizade que perdura ao longo dos anos seguintes.
Cada episódio, à excepção dos dois últimos, corresponde ao dia 15 de julho de cada um dos anos seguintes, e mostra como estão os protagonistas, e a sua relação, nesse ano específico.
Confesso que, apesar de nos irem sendo dadas algumas dicas sobre o que aconteceu no resto de cada um dos anos, acabamos por perder muita informação da história, e tudo acaba por ser muito fugaz e superficial, sem aprofundar muito.
Os episódios são relativamente curtos e, por isso, embora tenha catorze episódios, vê-se bem.
Pelo menos, a partir do 4º.
Estive muito perto de desistir de a ver, porque os primeiros episódios são muito "mornos", mas li tantos comentários a dizer que era uma série extraordinária e comovente, que acabei por continuar a vê-la.
E não, não achei assim tão boa, ou tão comovente, a ponto de derramar lágrimas sem fim, e gastar uns quantos lenços de papel.
Mas é melhor do que a minha primeira impressão. E tem duas ou três cenas mais fortes, que fizeram valer a pena.
Voltando à história, depois da primeira noite, em que falam de planos para o futuro e expectativas relativamente ao rumo a dar às suas vidas, agora que são licenciados, Dex e Em seguem cada um a sua vida.
E, quando se voltam a encontrar, percebem que a vida nem sempre é como idealizaram, e que os sonhos acabam por ficar arrumados na gaveta.
Há uma diferença entre eles: Emma é uma pessoa simples, trabalhadora, sonhadora, mas com os pés assentes na terra; Dexter sempre teve tudo o que quis, e acaba por não ter nada do que quer, talvez porque nem sequer saia bem o que quer. Emma quer mudar o mundo para melhor. Dexter quer ser rico. Emma não se deslumbra facilmente, e encara a vida dura, quando assim tem que ser. Dexter refugia-se nas drogas e no álcool, quando as coisas complicam.
Mas também têm alguns pontos em comum: ambos têm medo de assumir o que sentem, em lutar pelo que querem e, por isso, vão-se acomodando, cada um na sua vida, com os seus altos e baixos, e relações fugazes que, nem por isso, os fazem mais felizes.
É bonita de ver a amizade entre os dois, sobretudo ao início, em que cada um consegue fazer vir ao de cima o melhor do outro, e estar lá para o outro.
O problema começa quando a amizade entre eles é ameaçada, sobretudo pelo comportamento de Dexter.
Até 2007, vamos acompanhando o crescimento de ambos, os sucessos e fracassos, as relações amorosas falhadas, com alguns anos de afastamento, de reencontros e de duros golpes para os dois.
E talvez seja essa a razão para gostarmos da série: mostra pessoas reais, vidas reais, problemas reais, sem floreados.
Com tudo o que possa haver de bom. E de mau...