Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Uma Dupla Vencedora", na Netflix

464762881_8516900475031728_3210144624791994312_n.j 

 

"Uma Dupla Vencedora" aborda a história da violência doméstica na Índia, e o facto de não ser levada a sério, nem os homens serem condenados por tal, porque são "assuntos de família", resolvidos dentro do lar. Coisas normais entre casais.

Numa cultura em que é normal um marido torturar ou abusar da sua mulher, em que ninguém se atreve a apresentar qualquer queixa e, simplesmente, fecha os olhos, é difícil ter a coragem de contrariar essa mentalidade, e ver o homem condenado pelos seus crimes.

 

A história começa com a morte de uma mulher, que deixa as suas duas filhas, gémeas, Saumya e Shailee entregues ao pai, a lidar com a perda.

Saumya desde logo se mostra mais frágil, e Shailee ressente-se pela atenção especial dada à irmã, criando-se uma animosidade e rivalidade entre ambas, desde a infância até à actualidade.

Criadas longe uma da outra, Saumya é mais tímida, recatada, e sofre de depressão. Já Shailee, é uma mulher exuberante, provocadora, desbocada, que está disposta a tirar tudo à irmã, incluindo o homem por quem ela se apaixonou.

 

No entanto, por questões de negócios e aparências, Dhruv, apesar de preferir Shailee, acaba por se casar com Saumya. E começa o pesadelo dela, a partir do momento em que o marido a agride constantemente.

Obviamente, Saumya não o denuncia, não faz queixa, e afirma sempre que está tudo bem, e que se amam.

Não só porque sabe que não adianta rebelar-se, mas também porque não quer perder Dhruv para a irmã.

Que faz questão de estar sempre no meio dos dois, e criar ainda mais instabilidade.

 

Vidya é uma agente que está em Devipur, filha de um juiz e de uma advogada, que sempre esteve, como ela mesma diz "entalada" entre a palavra da lei, e o espírito da lei.

E, aqui, ela vai ter que decidir qual deles vai seguir.

Empenhada em ajudar Saumya, ela tenta de todas as formas que esta denuncie o seu marido, sem sucesso.

Até ao dia em que Saumya sofre uma tentativa de homicídio, em público, à frente de toda a gente, e não há mais como negar.

 

Agora, Vidya, que também é advogada, faz questão de tomar conta do caso, e tentar condenar Dhruv por tudo o que fez, ainda que este alegue que as coisas não foram assim, e que a sua mulher está louca, e é instável, desde a morte da mãe, tomando muitos medicamentos para o seu problema psiquiátrico.

 

O pai do acusado, é um ministro. Tem influência, e bons contactos para safar o filho.

Mas o juíz é uma mulher, o que poderá não ajudar à sua defesa.

Será Dhruv, desta vez, condenado?

Conseguirá Vidya a justiça para Saumya, e para todas as mulheres, abrindo um precedente?

E Shailee, ficará do lado da irmã, ou de Dhruv?

 

Como se não bastasse o suspense até aí, garanto-vos que o melhor foi mesmo guardado para o final!

Vale a pena ver  (e ouvir, porque a banda sonora também foi bem escolhida)!

"Isto Acaba Aqui", de Colleen Hoover

450.jfif

 

Uma notícia, entre tantas outras, fez-me chegar ao filme, que irá estrear em Agosto, nos cinemas.

E o filme, fez-me chegar ao livro, da autora Colleen Hoover.

 

"Isto Acaba Aqui" é, para além de um romance, uma história de superação. E aborda realidades bem presentes na nossa sociedade actual: negligência e abandono parental, e violência doméstica.

O começo é tão leve, tão promissor, tão fácil e quase tão perfeito que, quando a cena que mudará tudo acontece, é quase como se também o leitor tivesse sido atingido por ela.

 

O livro conta a história de Lily, agora com 23 anos, e alterna entre a sua vida actual, na qual conhece Ryle, e se torna proprietária de uma loja de flores, e o seu passado, contado através dos diários que escreveu na sua adolescência, e do qual faz parte Atlas, o seu amor dessa altura que, agora, inesperadamente, surge de novo na sua vida.

 

No passado, Lily salvou Atlas, de variadas formas.

Pela sua generosidade, preocupação, gentileza, empatia, amor. Por simples gestos.

Foi a única que lhe deu a mão, quando ele não tinha mais a que (quem) se agarrar, depois de a própria mãe o ter expulsado de casa, e ele não ter um tecto, nem dinheiro, nem comida.

 

Será, agora, no presente, a vez de Atlas salvar Lily?

A verdade é que ele a conhece melhor que ninguém. Sabe o que ela já passou, com os pais, e como isso a marcou.

E ele não vai permitir que, desta vez, seja ela a vítima.

Resta saber se a própria Lily se considera uma. Ou se o seu sentimento por Ryle é tão forte que apaga tudo o resto.

 

Penso que esta mensagem vale por tudo aquilo que eu poderia falar sobre o livro:

"Ciclos existem porque é doloroso acabar com eles. Interromper um padrão familiar é algo que requer uma quantidade astronómica de sofrimento e de coragem. Às vezes, parece mais fácil simplesmente continuar nos mesmos círculos familiares em vez de enfrentar o medo de saltar e talvez não fazer uma boa aterragem.

Por muito que custe escolher, ou quebramos o padrão, ou é o padrão que nos quebra."

 

Sinopse:

"O que te resta quando o homem dos teus sonhos te magoa?
Lily tem 25 anos. Acaba de se mudar para Boston, pronta para começar uma nova vida e encontrar finalmente a felicidade. No terraço de um edifício, onde se refugia para pensar, conhece o homem dos seus sonhos: Ryle. Um neurocirurgião. Bonito. Inteligente. Perfeito. Todas as peças começam a encaixar-se.
Mas Ryle tem um segredo. Um passado que não conta a ninguém, nem mesmo a Lily. Existe dentro dele um turbilhão que faz Lily recordar-se do seu pai e das coisas que este fazia à sua mãe, mascaradas de amor, e sucedidas por pedidos de desculpa.
Será Lily capaz de perceber os sinais antes que seja demasiado tarde?
Terá força para interromper o ciclo?"

 

Desapareceram, de Haylen Beck

Resultado de imagem para desapareceram de hayley

 

E se, de repente, vos tirassem os vossos filhos? Se não soubessem para onde os levaram, nem tão pouco se estão vivos ou mortos?

E se, as únicas pessoas a quem poderiam recorrer numa situação destas, são aquelas que levaram os vossos filhos, e em quem não podem confiar?

Quando ninguém acredita em nós, e nos acusam de algo que não fizemos, quando os verdadeiros culpados andam à solta, e têm todas as hipóteses do mundo de escaparem impunes, o que fazer?

Haverá ainda esperança, para mãe e filhos?

 

Há alguns anos atrás, Mya e Danny discutiram, e Mya decidiu passar alguns dias fora, levando a sua filha Sara consigo. Quando Danny volta a ter notícias, Mya está presa, e não há sinal de Sara. Tudo leva a crer que ela fez alguma coisa à filha. Ela jura que foi a polícia que a levou. Danny nunca acreditou totalmente na mulher, e ela acabou por se suicidar.

 

Na actualidade, Audra está a fugir de um marido violento e das assistentes sociais que lhe querem tirar os filhos, entregando a guarda dos mesmos ao pai, levando consigo Sean e Louise. Agarrando-se à oferta de uma amiga, que os convidou para ficar lá uns dias, Audra achava que tinha encontrado uma solução temporária.

Mas tudo se desmorona quando um xerife a manda parar, com o pretexto de ter excesso de carga na carrinha, e se oferece para distribuir a bagagem entre a mesma e o seu carro. Ao mexer nas suas coisas, o xerife encontra um saco de marijuana, e leva-a até à esquadra, para esclarecer a questão. 

Ao mesmo tempo, os filhos são entregues à agente Collins, que os promete levar para um lugar seguro, enquanto a mãe resolve a situação. 

Mas os planos do xerife são outros e, de um momento para o outro, Audra passa a ser acusada de homicídio dos seus próprios filhos. Tendo em conta o seu passado de álcool e drogas, nada abona a seu favor, e ninguém acredita na sua versão dos factos. Nem a sua amiga lhe dá a mão, desligando-lhe o telefone na cara, quando Audra lhe pede ajuda.

 

No entanto, para Danny, este caso fá-lo relembrar algo pelo qual ele próprio já passou. Uma vez, pode ser um acaso. Duas vezes, não pode ser coincidência, pois não?

Será que Audra consegue escapar à prisão, e recuperar os filhos? Conseguirá Danny, as respostas que sempre procurou para as suas perguntas?

"Desapareceram" aborda, de forma leve, a violência doméstica e, ao mesmo tempo, o tráfico de crianças. Se a autora poderia ter desenvolvido mais os temas, sobretudo o segundo? Talvez...Se há livros que têm informação a mais, este talvez precisasse de uma melhor exploração do tema. De qualquer forma, valeu a pena.

Um livro viciante, que não conseguimos parar de ler até saber como vai terminar a história, e que eu recomendo!

 

 

Sinopse:

Um thriller de suspense sobre a luta desesperada de uma mãe para encontrar os seus filhos...

Audra anseia chegar à Califórnia.
Finalmente arranjou coragem para fugir do marido que a maltrata, podendo assim proporcionar a si e aos seus dois filhos um novo começo. Juntamente com Sean e Louise, atravessa o país, por estradas secundárias, discretamente e com toda a cautela para não chamar a atenção.
Quando um inquietante xerife a manda parar em pleno deserto do Arizona, Audra faz tudo para se manter calma e esconder o nervosismo. Tem mesmo de o fazer. Mas, ao revistar a carrinha de Audra, o xerife tira da bagageira um saco com marijuana que ela nunca tinha visto e o seu estado de nervos transforma -se em pânico. Ela julga que aconteceu o pior.
Mas está enganada. O pior ainda está para vir.

Com um ritmo de tirar o fôlego e de um suspense implacável, Desapareceram... é um thriller perfeito sobre a luta de uma mulher contra o mal inimaginável para salvar o que há de mais importante na sua vida. Chocante até à última página.

E se fosse consigo a violência doméstica?

 

"E Se Fosse Consigo?" trouxe ontem a debate uma problemática bem actual - a violência doméstica.

 

No entanto, entre os testemunhos de casos reais, e a encenação por parte dos actores, ficaram algumas coisas por mostrar e dizer no programa de ontem:

 

- a maior parte das cenas de violência doméstica não ocorre em público, mas sim dentro de quatro paredes;

- a maior parte dos agressores mostra uma faceta totalmente diferente perante os vizinhos, amigos e até familiares (seus e da vítima), de homem educado, atencioso, pacífico, que em nada corresponde ao seu verdadeiro carácter, quando está com a vítima a sós, o que leva a que, muitas vezes, terceiros não acreditem na vítima;

- na encenação efectuada ontem, e estando aquele homem a mostrar-se violento em público, era mais provável que se mostrasse também para com quem estava a intervir, principalmente, as mulheres;

- por muita coragem que as vítimas de violência doméstica demonstrem, em muitos dos casos essa coragem tem como consequência a morte das mesmas, e de formas cada vez mais macabras. Ainda assim, o que será preferível? A morte quase certa vir aos poucos, ou haver uma possibilidade de se livrar desta problemática com vida?

- mais uma vez, tal como na violência no namoro, apenas mostraram agressores do sexo masculino, ignorando o facto de haver cada vez mais violência doméstica sobre os homens;

 

E o que é importante reter:

- quando ocorre uma agressão, não será única, mas apenas a primeira de muitas, e cada vez mais graves;

- a partir do momento em que há conhecimento de casos de violência doméstica, está mais que provado que não basta sinalizar as vítimas. Na maioria dos casos sinalizados, a polícia nada faz, ou só decide actuar quando não há mais nada a fazer;

- as vítimas, mesmo que consigam escapar com vida aos agressores, continuam a ser as maiores prejudicadas, porque vivem permanentemente com medo, porque vivem "refugiadas", presas, ou em constante fuga, porque perdem algo ou alguém que amam nessa luta (filhos);

- a justiça tarda, e falha demasiadas vezes;

- as ameaças, não só à própria vítima, mas também à sua família, são bastante inibidoras de qualquer acto de coragem que as vítimas possam querer intentar;

- uma vítima de violência doméstica não precisa de ouvir críticas relativamente à sua inércia, à sua passividade, ao seu receio, não precisa que duvidem da sua palavra, que digam que é normal, que desculpem o agressor, mas sim que a compreendam, que a apoiem, que lhe dêem uma ajuda efectiva;

 

E desse lado, o que acrescentariam a esta lista?

 

Ao assistir ao programa de ontem não fiquei indignada por mais pessoas terem passado por aquela cena sem intervir, mas incrédula com um senhor que, a um metro da cena, assiste impavida e serenamente e, quando questionado pela Conceição Lino sobre a conversa que tinha acabado de ocorrer ao seu lado, sai-se com esta "conversa? qual conversa? eu não ouvi conversa nenhuma"!

A não ser que o senhor tivesse problemas auditivos, ou quissesse frizar que o que tinha acabado de acontecer não era uma conversa mas sim um acto de violência (quer física, quer psicológica), mostra o quanto as pessoas fingem ser cegas, surdas e mudas a estas situações, quando não é nada com eles. Teria ganhado mais se tivesse dito que tinha percebido, mas estava com medo.

E com um outro senhor que, para ajudar a actriz, não se chegou à frente, mas soube vir dizer de sua justiça quando outras pessoas se juntaram aos actores, e criticaram o comportamento do marido agressor "ele não está a agredi-la, está a chamá-la à razão!"

 

É triste...mas é real! 

Sobre Um Refúgio para a Vida

 

Acabei esta semana de ler o livro Um Refúgio para a Vida e, como já esperava, gostei muito mais do livro do que do filme.

Eu dividiria a história em três partes, ligadas entre si, que nos mostram três vidas e três pessoas diferentes.

 

Erin/ Katie

Uma mulher meiga, carinhosa e apaixonada que, um dia, amou o seu marido. Uma mulher que não teve uma infância muito feliz, embora também não tenha sido trágica, e que pensou encontrar, no seu marido, a segurança que lhe faltava. Puro engano! Tornou-se ainda mais insegura, passou a viver com medo, e a odiar o seu marido e a si própria, por não conseguir mudar o rumo dos acontecimentos. Uma mulher corajosa e engenhosa que, quando percebeu que o seu destino, se não agisse, seria a morte, foi buscar forças onde nem sabia que as tinha e arriscou fugir, procurar o seu refúgio para a vida.

 

Kevin

Um homem déspota, possessivo, agressivo, controlador, egoísta e alcoólico, que não gostava que a sua mulher fosse amiga de ninguém. Um homem que não a deixava ir a lado nenhum sozinha, que passava pela casa quando estava por perto, ou ligava para o telefone de casa aleatoriamente, só para se certificar que ela lá estava. Que controlava todos os seus passos, o dinheiro que ela gastava. Que batia, pedia desculpas, mas logo a seguir voltava a agredir. Um homem que afirmava que a amava e que não gostava de lhe bater, mas que ela o fazia perder a cabeça por ser tão egoísta e só pensar nela. Que a faz acreditar que a culpa era dela. Um homem crente que se guiava, à sua maneira e como mais lhe era favorável, pela Bíblia.

 

Alex

Um homem pacato, trabalhador, viúvo, pai de dois filhos, que tenta como pode, ser pai e mãe para aquelas crianças. Um homem que fez uma promessa à sua falecida esposa, de voltar a ser feliz e encontrar uma nova mulher e mãe para os seus filhos. Um homem que se irá apaixonar por uma ilustre desconhecida que, certo dia, “deu à costa” em Southport. Um homem que irá proporcionar a Katie, aquilo que ela sempre sonhou ter e viver.

 

Erin tenta então, pela última vez, escapar das agressões do marido e arma um plano que acaba por levar a cabo enquanto ele está fora em trabalho. E vai parar a Southport, onde vai conhecer Alex e os seus filhos, e apaixonar-se de novo. Conhece também uma nova amiga muito especial, sua vizinha, Jo para os amigos, que a vai acompanhar até aos momentos finais.

Já a viver uma relação com Alex, a agora Katie só vai ter paz quando o seu marido deixar de a perseguir. E Kevin vai persegui-la, como um louco, até às últimas consequências, nem que para isso tenha que matá-los aos quatro. Mas a sua amiga vodka acaba por ser a sua perdição…

 

É um excelente livro sobre a violência doméstica, que recomendo!