Um ano sem a nossa Tica
E faz hoje um ano que a Tica partiu...
Como disse, há uns dias atrás, à Mula, este dia nunca fará parte do passado. É um dia que nunca esquecemos. Uma dor e saudade que nunca passa. E há dias em que volta a doer tanto como naquele em que tudo aconteceu.
O susto de não a ver em casa...
Os nervos de ir procurá-la antes que fosse tarde...
A aflição de vê-la caída no chão, inerte...
O pânico de não saber o que fazer, e o veterinário nunca mais atender...
O choque ao perceber que não havia nada a fazer, e que ela não estava mais no mundo dos vivos...
Depois, veio a minha própria inércia e falta de reacção. Como me arrependo de ter deixado o veterinário levá-la naquela noite...
"Já não há nada que possam fazer por ela. Está morta. É apenas um cadáver. Vai começar a cheirar mal. Se não têm onde enterrá-la, será melhor levá-la já, para cremar."
E nós, parvos, deixámos que a levassem...E nunca nos despedimos dela como queríamos. Mas estávamos ainda tão incrédulos, que nem conseguimos raciocinar.
Hoje, temos duas meninas - a Becas e a Amora - por quem já estamos rendidos. E muitas vezes, têm gestos e acções tão parecidas com a Tica que me vejo a dizer "estás armada em Tica!?". No outro dia, ao olhar para uma fotografia da Amora, sem me aperceber no início de quem era, dei por mim a pensar que era a Tica, e só então percebi que, por vezes, até fisicamente há semelhanças.
Há dias em que o tempo passa a correr que nem me dá tempo para pensar.
Outros, em que tenho que me focar naquilo que é necessário naquele momento.
E outros em que me lembro das coisas boas que vivi contigo.
Mas há dias em voltam à memória todas as imagens daquele dia fatídico, volta toda a saudade dos momentos passados contigo, toda a frustração de teres partido sem aviso, quando ainda tinhas tanto para viver...
Volta toda a culpa por aquilo que devia ter feito por ti, e não fiz, crente de que eras a gata mais feliz e saudável do mundo, que nada te afectaria, e só morrerias velhinha.
Volta toda a revolta, por te terem arrancado de mim, por não te terem permitido viver uma vida ainda mais feliz ao nosso lado, por muitos anos.
Tínhamos uma relação especial, tu e eu...E, embora ame as tuas afilhadas, não é a mesma coisa.
Tu eras a minha castanhinha linda! E sabes que no outro dia encontrei o teu ratinho velhinho? Lembrei-me logo de ti. Um sinal, quando se aproximava esta data que não deveria ter existido há um ano.
Esta imagem é a que tenho sempre no computador, como fundo. Nunca mudei.
As tuas fotografias continuam espalhadas pela casa, para te termos mais perto de nós.
E tu, continuas a ter o teu lugar, único e especial, dentro do meu coração...
Espero que, onde quer que estejas, também não te esqueças de mim, de nós...