"Uma Dupla Vencedora", na Netflix
"Uma Dupla Vencedora" aborda a história da violência doméstica na Índia, e o facto de não ser levada a sério, nem os homens serem condenados por tal, porque são "assuntos de família", resolvidos dentro do lar. Coisas normais entre casais.
Numa cultura em que é normal um marido torturar ou abusar da sua mulher, em que ninguém se atreve a apresentar qualquer queixa e, simplesmente, fecha os olhos, é difícil ter a coragem de contrariar essa mentalidade, e ver o homem condenado pelos seus crimes.
A história começa com a morte de uma mulher, que deixa as suas duas filhas, gémeas, Saumya e Shailee entregues ao pai, a lidar com a perda.
Saumya desde logo se mostra mais frágil, e Shailee ressente-se pela atenção especial dada à irmã, criando-se uma animosidade e rivalidade entre ambas, desde a infância até à actualidade.
Criadas longe uma da outra, Saumya é mais tímida, recatada, e sofre de depressão. Já Shailee, é uma mulher exuberante, provocadora, desbocada, que está disposta a tirar tudo à irmã, incluindo o homem por quem ela se apaixonou.
No entanto, por questões de negócios e aparências, Dhruv, apesar de preferir Shailee, acaba por se casar com Saumya. E começa o pesadelo dela, a partir do momento em que o marido a agride constantemente.
Obviamente, Saumya não o denuncia, não faz queixa, e afirma sempre que está tudo bem, e que se amam.
Não só porque sabe que não adianta rebelar-se, mas também porque não quer perder Dhruv para a irmã.
Que faz questão de estar sempre no meio dos dois, e criar ainda mais instabilidade.
Vidya é uma agente que está em Devipur, filha de um juiz e de uma advogada, que sempre esteve, como ela mesma diz "entalada" entre a palavra da lei, e o espírito da lei.
E, aqui, ela vai ter que decidir qual deles vai seguir.
Empenhada em ajudar Saumya, ela tenta de todas as formas que esta denuncie o seu marido, sem sucesso.
Até ao dia em que Saumya sofre uma tentativa de homicídio, em público, à frente de toda a gente, e não há mais como negar.
Agora, Vidya, que também é advogada, faz questão de tomar conta do caso, e tentar condenar Dhruv por tudo o que fez, ainda que este alegue que as coisas não foram assim, e que a sua mulher está louca, e é instável, desde a morte da mãe, tomando muitos medicamentos para o seu problema psiquiátrico.
O pai do acusado, é um ministro. Tem influência, e bons contactos para safar o filho.
Mas o juíz é uma mulher, o que poderá não ajudar à sua defesa.
Será Dhruv, desta vez, condenado?
Conseguirá Vidya a justiça para Saumya, e para todas as mulheres, abrindo um precedente?
E Shailee, ficará do lado da irmã, ou de Dhruv?
Como se não bastasse o suspense até aí, garanto-vos que o melhor foi mesmo guardado para o final!
Vale a pena ver (e ouvir, porque a banda sonora também foi bem escolhida)!